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ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA CIRURGIA PLÁSTICA - parte um

por Dr. Paulo Jatene

Será que se não existissem os aspectos psicológicos da cirurgia plástica, alguém se submeteria a ela? Por que queremos mudar alguma coisa em nosso corpo senão porque isso nos incomoda e atrapalha o nosso dia a dia e reflete em nosso interior?

Existem três tipos de busca por uma solução estética:

1. a autoestima da pessoa vai bem obrigada, mas alguma coisa em seu corpo lhe desagrada e ela quer corrigir;

2. a autoestima da pessoa não é lá essas coisas porque ela passou a vida, até hoje, tendo problemas por causa de alguma coisa que não está bem esteticamente em seu corpo;

3. a pessoa acredita que, mudando a si mesma, conseguirá mudar a sua vida ou mudar uma outra pessoa.

 

Bom, quem está satisfeito com a sua auto imagem, vive melhor do que quem não está. Claro. Uma pessoa satisfeita consigo mesma terá muito mais probabilidade de se sair bem profissional ou socialmente. Não há dúvida que a cirurgia plástica que atenda às reais necessidades de mudança física numa pessoa, criará nesta as condições para lhe dar uma autoimagem positiva que acabará por se refletir em suas atividades também muito positivamente.

 

Seria o melhor dos mundos, se as coisas fossem simples assim. Mas não são. Porque nem todo mundo que procura uma cirurgia plástica está objetivamente ciente do que espera desse procedimento.

 

Para os tipos de busca 1 e 2 descritos acima, a coisa vai bem. No tipo 2, a pessoa pode levar algum tempo a se “acostumar” com a ausência de um “defeito” que carregou por muito tempo. Mas já o tipo 3 tem muitos desdobramentos.

 

Por exemplo, existem os que acreditam que se tiverem o nariz igual ao de alguém famoso, ou que eles admiram, ficarão lindos e felizes. Mas nem sempre o nariz de um combina com o rosto do outro e o resultado de uma cirurgia dessas poderia de fato ser desastroso.

 

Existem também as pessoas que despejam todos os seus problemas e insatisfações em cima do corpo e, dessa forma, acabam obcecadas por pequenos detalhes que vivem querendo corrigir e, assim, andam de clínica em clínica, de médico em médico, à procura de uma felicidade e uma autoestima que seria mais simples de encontrar no divã de um psicólogo ou psiquiatra.

 

Existem ainda os que acreditam que a atitude de um outro vai mudar se elas mudarem o que está “errado” em seu físico. Por exemplo, a mulher que está certa de reconquistar o marido caso se apresente diante dele com aquele corpo que ele acharia ideal. Ou o homem, inconformado com a aposentadoria, que acredita que, rejuvenescendo o rosto, poderá acabar com o preconceito das empresas com relação à contratação de pessoas mais velhas e, assim, conseguir voltar a trabalhar.

 

Dessa forma, pode acontecer de se esperar da cirurgia também aquilo que ela não pode dar.

No nosso próximo artigo, vamos entender quem é e quem não é o candidato ideal para a cirurgia plástica e também conversar sobre o que pode acontecer DEPOIS que você conquistar uma nova autoimagem.

Frida Khalo, Àrvore da Esperança, 1946

 

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