VOLTAR PARA A PÁGINA MEMÓRIA OU MAIS SOBRE OS ANOS 1960

                               Memória de Isabel Fomm de Vasconcellos

McLuhan já sabia, na década de 1960, que o mundo se tornaria uma aldeia global, assim como Andy Wharol sabia, na mesma época, que todos teriam os seus 15 minutos de fama. O que ninguém poderia prever era que tudo isso aconteceria num piscar de olhos, assim que a Internet chegasse e dominasse todas as casas e empresas do mundo. Também dos anos 1960 era um episódio da famosa série SyFy, “Além da Imaginação” que previa, no futuro, serem todas as pessoas reconhecidas e detectadas através de um número... O que é o celular com GPS? Mas ninguém imaginava...

 

Os anos 1960 foram a década do Sonho e grande parte da sua produção cultural está presente no nosso cotidiano até hoje, como, por exemplo, na música.

Com o perdão dos saudosistas, não trocaria jamais a vida de hoje pela vida daquele tempo. Hoje é tudo muito melhor. As conquistas científicas e tecnológicas nos deram medicamentos mais eficientes e consequentemente mais qualidade e maior expectativa de vida; nossas máquinas são infinitamente melhores (carros, lavadoras, televisores, aspiradores de pó, smartphones, computadores, etc.).

 

O mundo também evoluiu um pouco nos costumes sociais,temos menos preconceitos, (mulheres, homossexuais, índios, negros conquistaram a igualdade social, pelo menos em teoria, em grande parte do planeta), já

Aquele sonho que acabou

(o sentimento dos anos 1960)

Wesley Duke Lee, Bírgitta pensando, 1966

 

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OU MAIS SOBRE OS ANOS 1960

casamos os gays e tocamos em assuntos que foram grandes tabus por séculos.

 

Uma coisa porém nos falta: a capacidade de sonhar.

Todos os sonhos se tornaram individuais: sonho com a casa própria, com um filho, com a casa de praia, com o carrão, com a promoção...

 

A graça dos anos 1960 eram os ingênuos, mas belíssimos, sonhos sociais. Sonhava-se com igualdade de oportunidades, justiça social, com um mundo irmanado, onde todos se amassem e procurassem a compreensão, o entendimento, a paz, a prosperidade para todos. 

 “Mas o dia vai chegar e o mundo vai saber, não se vive sem se dar. Quem trabalha é que tem direito de viver, pois a terra é de ninguém” – a belíssima letra da música de Marcos Valle era um resumo dos sonhos da geração rebeldia, da geração hippie, do amor livre, aqueles que acreditavam piamente que fazer amor, além de ser melhor, evitava que se fizesse a guerra.

Foi essa turma sonhadora que se levantou, no Brasil, contra a ditadura militar e, na França, em 1968, por todos os sonhos e contra todas as injustiças sociais.

Uma turma romântica e um pouco ingênua, que vivia com a cabeça cheia de versos e canções, mas citava de cor os grandes filósofos, sociólogos e teóricos da política.

Parte dessa turma se “aburguesou”, como se dizia então.

Alguns viraram “hippies de boutique” outros pegaram em armas contra o regime militar. Todos perderam os sonhos pelo caminho.

 

O mundo ocidental se transformou numa

violenta competição profissional e a universidade deixou de formar pensadores para formar técnicos. Os valores se inverteram e o “ter” passou a ser mais importante que o “ser”.

 

Vinicius de Moraes, um dos maiores poetas do amor e ao mesmo tempo o criador do “Operário em Construção” (“Razão porém que fizera em operário construído o operário em construção...”) cantava, em meio a orgia consumista dos anos 1970: “Você que só ganha pra juntar.../...você vai ver um dia, em que fria você vai entrar: por cima, uma laje; embaixo, a escuridão”.

A morte nos iguala. Sempre nos igualou, nobres, plebeus, reis e escravos.

 

Hoje porém, temos o Facebook. E estamos começando a ser virtualmente iguais. Parafraseando Belchior: Já não somos os mesmos, nem vivemos como os nossos pais.

Talvez estejamos preparando um novo sonho. Tomara.

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Luiz Augusto Campos Pereira Dei uma passada pelas "memórias" para espairecer um pouco, voltei no tempo, mas não achei o vídeo da festa. Coloque no ar, acho que vale a pena. Beijos

 

De: Eliezer Berenstein
Enviada em: quinta-feira, 15 de maio 10:04 Assunto: RES: Aquele sonho que acabou (o sentimento dos anos 1960)

 Bárbaro!  Até um" boco moco" como eu , gostei deste barato!

 

Suely Heloisa Teixeira Isabel, os sonhos continuam mas... sao mais reais... Acreditavamos poder alterar o mundo... as pessoas... porque estudavamos e... eram poucos os que conseguiam estudar... A populacao cresceu muito e as alteracoes foram enormes ate devido a pouca Educacao... Mas os sonhos conti.uam embora outros...

 

Elizabeth Krausz Elizabeth escreveu: "Belíssimo texto."