Por Maria José
Silveira
Quem
me conhece sabe que sou uma pessoa hiper-otimista. E, sempre, no final
de um ano, penso que o outro será com certeza melhor.
Neste ano, no entanto, meu conhecido otimismo se recolheu, o que não
chega a me surpreender: ainda teremos que enfrentar dez longos meses
para que cheguem as eleições e, depois, ainda dois infindáveis meses
para que chegue a posse. Ou seja: praticamente 12 meses antes que
efetivamente vejamos alguma nesga de luz no horizonte.
Não será um ano fácil, meus amigos. Não mesmo. Ano de eleição onde
provavelmente veremos toda sorte de escândalos, artimanhas, mentiras,
desinformações, Fake News, enganos, polarizações, descalabros,
difamações, injúrias, ultrajes. Ano em que teremos muito a enfrentar
para continuar seguindo.
Tenho até pena de nós.
O que teremos de ver, ouvir, sentir. Ano em que ficaremos muitas vezes
indignados. Ano em que veremos sabe-se lá que novas empreitadas funestas
nos assediarem. Ano em que nos sentiremos descrentes de alguns seres
humanos, e nos perguntaremos outra e outra vez o que estamos nos
perguntando desde janeiro de 2019: como foi possível o Brasil eleger
como presidente alguém assim? Ano em que teremos de reunir forças para
enxotar de uma vez por todas quem está fazendo de nosso grande país algo
que mal podemos reconhecer. Ano em que só a esperança poderá nos guiar.
Não será um ano fácil.
Mesmo agora, quando 2021 já está acabando, vemos crianças se tornarem
vítimas da sanha negacionista desse ser perverso que já nos fez tanto
mal. Colocar todo tipo de empecilho para que a vacina de 5 a 11 anos não
chegue com facilidade ao Brasil é crime imprescritível. É inominável. E
nos dá a certeza de que não há limite para a maldade e truculência de
quem dança funk em uma lancha, refestelado em suas “férias”, enquanto
deixa o Brasil à mercê de sua necrofilia.
E ainda vemos funcionários da Receita Federal abandonarem seus cargos de
chefia; os principais portos brasileiros começarem uma operação padrão
na alfândega; vemos o IPHAN, órgão montado para zelar e defender nosso
patrimônio cultural, ser desmontado como um brinquedo caprichoso para
dar espaço a diretores sem nenhuma experiência no setor, nem caráter;
vemos sua completa omissão na tragédia que as chuvas causaram à Bahia.
O que mais veremos até dia 31?
O que mais veremos até o último dia do próximo ano?
Quem tiver algum otimismo sobrando, por favor, me mande um pouco.
Ainda que, pensando melhor, se não há otimismo sobrando, pelo menos há
esperança.
Assim, o que desejo para o próximo ano para todos nós é muita esperança
e espírito de luta para mudar este país.
E, sim, com certeza, para cada um em particular, um ano feliz com seus
amigos e sua família em sua “bolha”. É bom ter uma “bolha”. Muitas
vezes, é muito necessário se isolar em uma “bolha” de afeto, planos e
muito amor. Só assim nos recuperamos das perversidades a que temos sido
expostos e fortalecemos nossa esperança e nossos sonhos.
(Crônica publicada em O Popular, em 28/12/21) |
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Por Zedu Lima
“O
que você vai ser quando crescer?”
É a
pergunta que ouvíamos quando criança dos pais, tios, tias, avós,
professores...
- Vou
ser médico!
- Vou
ser cantor!
- Vou
ser jogador de futebol!
- Vou
ser advogada!
- Vou
ser bailarina!
- Vou
ser psiquiatra para dar um jeito na cuca das pessoas!
Anos mais tarde, o futuro médico se tornou Juiz de Comarca.
A
pretendente a bailarina é hoje cuidadora de idosos.
A
advogada é uma jornalista premiada.
O cantor
solta sua voz nos pregões da Bolsa de Valores.
O futuro
Freud é corretor de imóveis.
O
jogador de futebol é um renomado médico pediatra.
O
psiquiatra se tornou padre.
Com o
correr do tempo, as aspirações foram mudando, outras oportunidades mais
vantajosas se apresentando e o imponderável rompendo e distorcendo os
anseios.
Isso me
remete à pergunta: “O que podemos esperar de 2022?”
Com o
recuo dos casos da covid 19, a partir de meados de outubro de 2021,
fiquei mais esperançoso de que esse recuo significava, senão o fim da
pandemia, pelo menos, apontava para uma regressão contínua do ataque do
tal vírus.
Em
novembro e dezembro, sem me descuidar – usando máscara e álcool gel –
fui ao cinema, que freqüentava três vezes por semana; à exposição de
artes plásticas; almoço a dois com amigos, voltei à academia de
ginástica.
Mas eis que no final do ano de 2021 recebemos a visita do tal de Ômicron,
uma variante do covid-19 menos agressiva, porém mais lépida para
infectar todo mundo.
Um
imponderável (ou não?) que alterou o rumo de nossos anseios e fez
questão de virar o Ano Novo conosco.
O que
podemos esperar, então, de 2022?
A
princípio, o que vejo no horizonte é desfazer a mala para aquela
pretendida viagem.
Voltar
aos cuidados de antes, agora com mais experiência, e, PRINCIPALMENTE,
torcer e rezar para que esses abnegados cientistas descubram e
desenvolvam o quanto antes um antídoto, uma vacina que leve para o baú
das lembranças esses tempos funestos.
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