Já escrevi demais sobre o
8 de março.
Já comandei
programas de TV e entrevistas demais sobre o 8 de março.
Já dei entrevistas demais à imprensa e à TV sobre o 8 de março.
Já escrevi algumas vezes que não aguento mais escrever, perguntar e
responder sobre o 8 de março.
MAS...
Sempre tenho alguma coisa a dizer sobre o 8 de março.
O Dia Internacional da Mulher, quando tínhamos nosso programa Condição
de Mulher, na TV Gazeta e outras TVs pelo Brasil (Não havia satélite...)
nos anos 1980 era uma data desconhecida da maioria dos brasileiros e,
quando falamos nisso na TV, não faltaram mulheres para “tirar um sarro”
(como se dizia na época) da “nossa cara”.
Hoje, 30 anos depois dessa
foto histórica
(veja na subpágina 8 de março), a data virou uma espécie de outro dia
das Mães ou outro Dia da Secretária. Só rindo mesmo... porque parece
piada.
O 8 de março é uma criação
das feministas Clara Zetkin e Alessandra Kollontai, em 1910, no
Congresso Socialista.
É um dia de luta das
mulheres contra a violação de seus direitos como cidadãs (e não, como
querem alguns, luta das mulheres contra os homens).
O feminismo é até hoje visto por muita gente, inclusive intelectuais de
respeito, como um movimento de mulheres feias e mal resolvidas
sexualmente (eles dizem “mal amadas”). Algumas são mesmo. E eu,
particularmente, discordo
frontalmente das feministas que querem negar o único (e maior) poder que
as mulheres têm sobre os homens: o poder da sedução
(lembra quando as bobocas
do Ministério da Mulher censuraram o genial comercial de lingerie onde a
Gisele Bunchen usava lingerie pra contar pro marido que bateu o carro
dele?... rsrsrs... Isso é poder de sedução e não “coisificação” da
mulher... santa diferença!)
Também discordo frontalmente das mulheres que acreditam que os homens
devem ser sexualmente bobos como aquelas que acham que “sexo é só com
amor”. São elas que tem que fazer sexo por sexo (ou por amor, quando
houver amor) e não eles que tem que se tornar bobos como elas.
E, por fim, discordo das feministas que acham que homens e mulheres são
iguais.
Nesse particular, estou de bem com Luiz Felipe Pondé, que diz que
acreditar nessa balela é o mesmo que acreditar que as coisas caem não
por força da gravidade e sim porque foram oprimidas socialmente e
forçadas a cair. Homens e mulheres são MUITO diferentes biológica e
culturalmente.
A luta feminista verdadeira é aquela das nossas bisavós e tataravós que
sabiam que precisavam lutar pela “igualdade na diferença” e foram essas
que conquistaram todos os direitos que temos hoje, mesmo aqueles que
ainda não saíram do papel.
Feliz 8 de março, mulheres conscientes e lutadoras. Pras feministas
sexualmente mal resolvidas, uma banana bem dada e pras outras que se
dizem “femininas e não feministas” uma prece sincera para que abram os
olhos: o Dia Internacional da Mulher é um dia de luta, não de festa. É o
dia das nossas antepassadas, que brigaram para conquistar os direitos
que temos hoje, algumas morreram, muitas foram presas, exiladas,
mutiladas. Não há muita festa nessas lembranças.
Por hoje, é isso. Se
quiser saber um pouco mais de tudo o que já dissemos sobre essa data,
clique aqui. |
por Isabel Fomm
de Vasconcellos
(Di Cavalcanti, 1941,
Mulheres Lutando)
8 de março de 1986, meu programa Condição de
Mulher na TV Gazeta
(ver
legenda)
Assista o programa Condição de Mulher, Especial aniversário, 30
anos.
1986-2016.
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