(Orlando
Sacco, aquarela, Velas)
Mas agora que o dia se fazia claro e tudo permanecia ainda tão límpido
em sua mente e, antes, que não conseguisse mais se lembrar, resolveu
escrever. |
Aliança de
Esmeralda
por Vera Krausz
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Estava acostumada a olhar para o Alto
e ver estrelas, estrelas cadentes e delas colher histórias...
Esta frase emergiu a partir da dele:
- Estou muito sozinho, trabalho mesmo o tempo todo, melhor do que ficar
olhando para o teto do meu apartamento...
No momento em que ele falara, ela tivera imensa vontade de estar ao seu
lado, abraçando-o forte.
Mentalmente fora ao seu apartamento. Fizera-se
o leito, o seu leito. Vira-se ao seu lado, abrindo-lhe o teto e lhe
mostrando as estrelas...
Viagem rápida, viagem cósmica e atemporal. Não necessitava de passagens
aéreas, quem dirá das agendas ou do tempo!!!
Com esta frase, também rolou em sua cama solitária, foi seu corpo que
desta vez alterou sua temperatura...
E adormeceu novamente. E sonhou:
Uma sala onde tinha um enorme
abajur iluminado. A luminosidade se alterava a cada
momento em variadas cores e parecia que a luz advinha de uma chama de
uma vela acesa. Dentro deste grande recipiente multicolorido e vivo que
poderia até mesmo lembrar um aquário de cera derretida... Uma folha de
papel se movimentava. Nela havia poesias escritas em letra cursiva, com
antiga caneta de tinta e pena... Poesias dela e dele, estavam escritas
neste papel...
Ele parou para olhar e tentar ler, mas o movimento do papel dificultava
a leitura!
Ele perguntava a ela:
- Mas o que está escrito aqui?
E ela respondia:
- Não sei mais, o tempo passou e agora eu também não consigo me lembrar,
terei que fazer o mesmo esforço teu, para ler...
E ele se aproximava e tentava ler as letras submersas na cera líquida
que as distorciam. A tinta um pouco borrada... Ela deu risada com o
movimento dele. E pensou: Agora o tempo passou...
E na mesma sala viu uma mesinha, uma espécie de escrivaninha antiga.
Cansada, sentou-se numa cadeira.
Seus olhos repousaram numa pequena prateleira ao fundo dessa
escrivaninha. Atenta, observou anéis, perdidos... Entre eles uma aliança
com pequeninas pedras verdes, provavelmente esmeraldas.
Sentiu uma imensa alegria em reencontrá-la. “Minha aliança! ” Sorriu.
Assim ela acordou novamente.
Logo sentiu necessidade de escrever. Não sabia se escreveria para ele.
Nunca sabia se devia! O silêncio dele... Mas agora que o dia se fazia
claro e tudo permanecia ainda tão límpido em sua mente e, antes, que não
conseguisse mais se lembrar, resolveu escrever. Escrever para ele.
Sempre adorara a cor verde! A esperança...
Terminou de escrever e uma emoção imensa, secular a invadiu! Mas... Nem
sabia mais o porquê.
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