Marta e
Eliza também sentiram o envolvimento, um clima de magia e mistério
tomava conta. Elas não estenderam suas mãos, entretanto outras ciganas
se aproximavam, mas nos esquivamos de nova abordagem.
Eu nunca havia pensado antes no futuro daquela forma. Deparava-me com
uma visão ampliada da vida, algo que em meus 27 anos, não havia
imaginado. Apenas vivia, cada dia. Aliás, sempre dizia para meu amor,
que o importante era o "presente".
O presente, é um presente!
Tão lindo meu amor! A maior e mais forte de todas as recordações, ou
melhor, foi um grande amor! Vivido e realizado em toda a sua dimensão.
Inesquecível.
Saímos do parque e agora refletíamos sobre a fala da cigana.
Eliza, sempre foi muito intuitiva, sua sensibilidade chamava a atenção,
de todos que dela se aproximavam. Quando a conheci, senti imediata
identificação. Ninguém antes teria me ouvido com tanta profundidade,
rapidamente nos tornamos íntimas, tínhamos a impressão de que nossa
amizade não havia se construído, mas que sempre existiu. Havia uma
facilidade de comunicação, poucas palavras e era suficiente para ela me
dizer:
- Verônica, eu sei o que você está sentindo...
Entretanto nesta tarde, Eliza também ficou intrigada. Perspicaz,
ressaltava:
- Mas o mais interessante é que nós vamos mesmo para a praia na próxima
semana. Você tem coragem de acender uma vela a beira mar?
Recordava-me de uma vez que estive na praia com meus pais, tinha
provavelmente 12 anos, era dia 8 de dezembro e haviam muitas velas na
praia, círculos com homens e mulheres vestidos de branco, cantando e
dançando.
Minha mãe não quis que nos aproximássemos, entretanto, conforme nos
afastamos, um homem de branco se aproximou dela e entregou-lhe uma rosa
branca. Encabulada explicou:
- Hoje é dia de Nossa Senhora.
Demorei-me para responder o que Eliza me questionava, meus devaneios
sempre foram constantes, muitas vezes me diziam que eu vivia "no mundo
da lua".
Dei uma risada e falei:
- Mas é lógico que eu vou acender uma vela...
- E vocês vão me acompanhar, não vão meninas?
Marta quebra o silêncio e diz:
- Se vocês quiserem tudo bem, mas eu não vou fazer nada.
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