voltar para a página-site da escritora Vera Krausz

(Konstantin Makovsky, sd, sec19, Mulher Cigana)

Primeiros Contatos

por Vera Krausz, do livro "O Resgate de Verônica"


Passeávamos as três, pelo grande parque... Clara tarde de inverno. Céu azul, não fora a poluição da Metrópole, diríamos que respirávamos ar puro. Agradável caminhada, pelo verde da grama, o bosque sonorizava pássaros e risos infantis...
Conversávamos animadamente, histórias dos amores, dos desejos, das conquistas amorosas que envolvem a fantasia de três jovens mulheres, que já haviam experimentado algumas emoções, e traziam dores, esperanças e recordações em suas telas mentais.
 

Aproxima-se jovem cigana:
- Querem saber do futuro? Deixem-me ler vossas mãos? -- Custa só dez reais.
 

Eu estendo-lhe minha mão.
Percebo em seu rosto certa relutância em dizer:
- O traçado não é comum, terás vida longa, entretanto em teu caminho terás que passar por muitas encruzilhadas, onde somente tu poderás definir teus passos e tua trajetória, livre arbítrio.
 

E prosseguia:
- Quando estiveres perto do mar, acenda uma vela para teu anjo da guarda, para os náufragos...
Moça bonita, vestido colorido e rodado, negros cabelos, olhos escuros a me fitarem. Forte energia me envolveu.
 

Marta e Eliza também sentiram o envolvimento, um clima de magia e mistério tomava conta. Elas não estenderam suas mãos, entretanto outras ciganas se aproximavam, mas nos esquivamos de nova abordagem.

Eu nunca havia pensado antes no futuro daquela forma. Deparava-me com uma visão ampliada da vida, algo que em meus 27 anos, não havia imaginado. Apenas vivia, cada dia. Aliás, sempre dizia para meu amor, que o importante era o "presente".
O presente, é um presente!
Tão lindo meu amor! A maior e mais forte de todas as recordações, ou melhor, foi um grande amor! Vivido e realizado em toda a sua dimensão. Inesquecível.
Saímos do parque e agora refletíamos sobre a fala da cigana.

Eliza, sempre foi muito intuitiva, sua sensibilidade chamava a atenção, de todos que dela se aproximavam. Quando a conheci, senti imediata identificação. Ninguém antes teria me ouvido com tanta profundidade, rapidamente nos tornamos íntimas, tínhamos a impressão de que nossa amizade não havia se construído, mas que sempre existiu. Havia uma facilidade de comunicação, poucas palavras e era suficiente para ela me dizer:
- Verônica, eu sei o que você está sentindo...
Entretanto nesta tarde, Eliza também ficou intrigada. Perspicaz, ressaltava:
- Mas o mais interessante é que nós vamos mesmo para a praia na próxima semana. Você tem coragem de acender uma vela a beira mar?
Recordava-me de uma vez que estive na praia com meus pais, tinha provavelmente 12 anos, era dia 8 de dezembro e haviam muitas velas na praia, círculos com homens e mulheres vestidos de branco, cantando e dançando.

Minha mãe não quis que nos aproximássemos, entretanto, conforme nos afastamos, um homem de branco se aproximou dela e entregou-lhe uma rosa branca. Encabulada explicou:
- Hoje é dia de Nossa Senhora.

Demorei-me para responder o que Eliza me questionava, meus devaneios sempre foram constantes, muitas vezes me diziam que eu vivia "no mundo da lua".
Dei uma risada e falei:
- Mas é lógico que eu vou acender uma vela...
- E vocês vão me acompanhar, não vão meninas?
Marta quebra o silêncio e diz:
- Se vocês quiserem tudo bem, mas eu não vou fazer nada.

Comente, clique aqui (seu comentário será publicado aqui, a menos que vc diga que não quer a publicação)

 

 

 

 

 

 

Evaldice Maria Ruck Cassiano Bom dia em dobro, a culpa foi da cigana descrita pela Vera, me encantei.

 

Vera Krausz Obrigada Isabel Fomm de Vasconcellos. Como sempre impecável tua publicação no Portal.