(Eugene Delacroix, 1830, A Liberdade Guiando o Povo)
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Da Política, da Arte e do
Cotidiano Dra. Stela Maris Grespan
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Eu não tenho vergonha de ser brasileira!! Pelo simples motivo que não há um único país nesta pobre e sofrida Terra em que não existam pessoas racistas, homofóbicas, xenofóbicas, fascistas, vassalas do capitalismo financeiro, preconceituosas.
Poucas são as nações em que a fraternidade, o sentimento de justiça e a
noção de igualdade de direitos prosperou. Mesmo nessas, encontraremos
aqueles que estão insatisfeitos por ganância e usura. |
Portanto, nada de envergonhar-se ou de estimular o sentimento de menos valia, especialmente quando sabemos que muitas destas nações vêm nos roubando há cinco séculos e ainda pretendem continuar a fazê-lo. Quem for sem pecado que atire a primeira pedra!
1. O
Medo Era a
terceira consulta e parecia que nos conhecíamos desde sempre.
Quando
saio de uma reunião de condôminos em que apenas 15% dos moradores
participam, perco as esperanças de futuro. 4. Calor Humano
No verão
sinto saudades de noites assim, em que nos sentávamos na areia, um ou
dois tocando violão, por vezes um flautista, cantando bossa nova, até a
madrugada. Ninguém nos impedia, ninguém nos agredia. Tudo era paz, amor
e poesia. Bendigo esta época!
Vendo
esta lindeza (meninos no céu, comendo algodão doce), lembrei (sim, pois
é chegado o tempo das memórias) das tantas vezes em que, no ócio
absoluto, dediquei-me a olhar o céu e as nuvens e a ver figuras (ou a
imaginá-las?) num eterno fazer e refazer-se. Nunca as imaginei como
algodões-doces! Tampouco vi a figura do Senhor dos tempos e do universo.
Só sentia o momento sagrado de meu inspirar e expirar e da felicidade de
ser parte integrante deste cosmo. "Me
disseram, porém, que eu viesse aqui
O ano
era 1965 e eu, cinéfila de carteirinha, corri para assistir no Cine
Vogue de Porto Alegre ao filme do Mário Monicelli- Os companheiros.
Tratava-se do despertar da consciência de operários têxteis em condições
de escravidão numa Turim do final do século XIX, marcada pela chegada do
" Professor" encarnado por um jovem e talentoso Marcelo Mastroianni.
Neorrealismo italiano de primeira.
Como
defensores da democracia acataremos a decisão da maioria expressa pelas
urnas. Caso tivesse sido o contrário, já estariam entrando com recursos
judiciais por suspeitas de fraudes eleitorais, impugnações de urnas,
suspeitas sobre a nova empresa contratada para divulgação dos resultados
e mais o lero-lero que ouvimos durante toda esta campanha de ódio e
criminalização da oposição. Prepararam toda uma argumentação preventiva
para uma possível reviravolta nos resultados. O golpe articulado não foi
necessário. E de nossa parte não virá um terceiro turno como o que vimos
capitaneado pelo ressentimento de um mau perdedor como Aécio Neves e
seus correligionários e que engendrou toda esta luta. Não somos movidos
por ódios, vinganças e ressentimentos. Não esperem que saíamos às ruas
colocando a vida dos hoje vitoriosos em jogo. Não faz parte de nosso
ideário. Porque amamos toda expressão de vida, a riqueza de sua
diversidade. Porque amamos e não fugimos de um debate por princípios
éticos, morais e de justiça. Porque não acreditamos que matando
fisicamente suprimiremos o outro, mesmo que hostil e nefasto. Porque
temos respeito pelo outro e daí vem o nosso temor. Porque os vencedores
têm em suas hordas número expressivo de indivíduos paranóicos,
bestializados pelo discurso de ódio reiteradamente repetido e comprovado
pelas mídias disponíveis, emponderados o suficiente para matar o que
lhes é diverso. Vimos inúmeros exemplos nos últimos dias. Temos medo da
retaliação, da delação estimulada de colegas ou de alunos ignorantes, do
cerceamento da liberdade de expressão, de tropas policiais nas
universidades, do empobrecimento das relações afetivas em todos os
âmbitos, familiares ou de trabalho. Esta tem sido a prática dos
vencedores de hoje e do poder judiciário. Tememos por condenados
injustamente, sem direito a um julgamento honesto. Tememos as promessas
feitas de pacificação da nação se baseadas na opressão. Tememos a venda
de nossas riquezas cobiçadas pelo mercado. Tememos sim, pelos sem-terra,
sem teto, pelos índios e todas as minorias. Tememos por não
desenvolvermos nossas relações de livre comércio com nações sem o perfil
ideológico dos vencedores e a perda de nosso grandes parceiros. E de uma
nova espiral inflacionária. E do recurso ao FMI como na Argentina.
Tememos pela destruição final de nosso meio ambiente pela cobiça e
expansão do agronegócio. Pela subserviência ao irmão do Norte e qualquer
tipo de intervenção nos governos vizinhos. Tememos pelas perdas de
direitos trabalhistas e previdenciários. Pela privatização do ensino em
todos os níveis. Pela extinção do SUS. Pelo retrocesso em geral. Tememos
a força das armas em mãos despreparadas e mobilizadas pelo ódio. Tememos
pelas gerações futuras criadas sem reflexão, num modelo de relações
infantilizadas e de poder sem limites. 9.
Fachada Cristã |