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A Repressão Sexual e a Sexualidade Masculina

por Dr. José Carlos Riechelmann

 

Essa "obrigação" masculina de querer sempre sexo, de estar sempre disposto para a atividade sexual, de ter ereções fantásticas e consecutivas, é apenas resultado dessa falsa imagem que a sociedade criou como contrapartida à repressão sexual feminina.

Dali, 1929, O Grande Masturbador

 

 

Embora muito se fale contra a repressão sexual, faz-se necessário dizer que não existiria sociedade humana organizada sem algum tipo de repressão sexual. Até entre os animais mais desenvolvidos, como os macacos, o bando não vive sem suas regras sexuais, e quanto mais desenvolvida é a espécie animal, maior é a repressão sexual do grupo. Ela é necessária para a formação da estrutura social.

 

No entanto, se a repressão sexual nas sociedades humanas se torna excessiva e discriminatória, extrapolando a discriminação para outras áreas, aí sim, ela é pode ser nociva e, portanto, combatida.

 

No Ocidente a repressão sexual das mulheres gerou, e ainda gera incontáveis problemas não só de relacionamento, não só emocionais mas até físicos, psicossomáticos.

 

Porém o que pouco se fala é que a mesma sociedade, que reprimiu o sexo para as mulheres, incentivou e exacerbou o sexo para os homens.

 

Assim, o resultado é que se criou uma imagem bastante distorcida também da sexualidade masculina. Ainda vemos os homens como naturalmente sedentos por sexo; ainda pensamos que o homem não pode se recusar a fazer sexo.

 

Essa imagem não corresponde à realidade. O desempenho sexual masculino também depende da parceira. Depende do interesse que ela desperta nele e também do desempenho dela. O interesse, o desejo e o desempenho sexual do homem também estão atrelados a fatores emocionais e biológicos.

 

O homem não é o tal atleta sexual do qual tanto se fala. Essa obrigação masculina de querer sempre sexo, de estar sempre disposto para a atividade sexual, de ter ereções fantásticas e consecutivas, é apenas resultado dessa falsa imagem que a sociedade criou como contrapartida à repressão sexual feminina.

 

Se a mulher se angustia porque, por razões sócio culturais e psicológicas, não atinge a plenitude sexual, o homem também se angustia com a expectativa que se tem quanto ao seu desempenho. Não fosse assim e, por exemplo, os jovens não sairiam atrás da pílula azul na falsa esperança de que esta melhoraria a sua performance no sexo.

 

A ansiedade gerada nos homens por essa expectativa social é a pior companheira que ele pode levar para a cama.