É o Dr. José Carlos Riechelmann (médico ginecologista e sexologista,
especializado em medicina psicossomática) quem explica o que há de bom
no sentimento de raiva. Afinal, é ele quem prepara o corpo para a ação,
descarregando adrenalina. A pressão arterial aumenta, existe a liberação
de corticoides e você está pronto para a luta. Isso era ótimo, por
exemplo, para o homem das cavernas enfrentar os perigos que o cercavam,
desde os animais que podiam invadir lhe a moradia até inimigos eventuais
que o atacassem. Mas essas transformações corporais que o preparavam
para a briga, duravam apenas alguns minutos. Terminado o embate, o corpo
voltava ao seu ritmo normal.
Hoje em dia, existe nas redes sociais, a Turma do Ódio. Aquele pessoal
que divulga as famosas Fake News que servem apenas para gerar indignação
nos que, porventura, embarquem nelas. Estes vivem, assim, um estado
quase permanente de raiva e ódio, que são cuidadosamente disseminados
pelos que acreditam ser, na sociedade, “quanto pior, melhor”.
Muito bem, carregado de ódio, todos os dias, seu corpo vai reproduzir
exatamente aquele estado físico do nosso lutador das cavernas. Mas, se
para o homem primitivo, esse estado físico durava alguns minutos, para
os atuais odiadores de plantão nas redes sociais, esse estado é
permanente: a adrenalina sobe, contrai os vasos sanguíneos, gera
hipertensão arterial, existe a liberação de corticoides (que diminuem a
imunidade) e como resultado disso, são atacados principalmente o coração
e os rins, gerando doenças e expondo o corpo aos agentes externos, já
que a imunidade também foi comprometida em todo esse processo. Trocando
em miúdos: enfarte, falência renal, gripes e outras doenças infecciosas.
São esses os resultados físicos do ódio e da raiva constantes.
Conclui-se, obviamente, que a raiva e o ódio são extremamente mais
prejudiciais aos que odeiam do que aos que são odiados.
Nosso corpo e nossa mente não são coisas distintas. “A emoção é química”
– costuma dizer o médico psiquiatra Dr. Wimer Bottura.
Cada vez mais a ciência admite que os sentimentos têm a sua resposta
específica em nosso corpo. A Pandemia, por exemplo, assim como as
guerras, exerce direta influência sobre a menstruação: mulheres mais
velhas veem sua menopausa chegar mais cedo e meninas têm adiantada a sua
menarca, explica a médica ginecologista Dra. Albertina Duarte Takiuti.
De maneira aparentemente paradoxal, quando nos apaixonamos, o nosso
corpo reage quase exatamente como quando sentimos raiva: a química da
paixão se manifesta através das áreas do cérebro que são mais ricas em
endorfinas, o núcleo caudado e o córtex pré-frontal, fazendo com que a
glândula adrenal aumente sua produção tanto de adrenalina quanto de
cortisol e com que as nossas glândulas sexuais aumentem também a
produção de estrogênio e testosterona.
Nosso corpo, externamente, fica com a aparência mais jovem, os olhos
brilham, a pele é mais corada e brilhante e vem aquela sensação de que
somos os donos do mundo, que tudo podemos.
A diferença é que a química da paixão pertence ao grupo das emoções
positivas que têm um padrão bastante diverso das emoções negativas, como
a raiva. Acontecem, em ambos os casos, as mesmas alterações cardíacas e
de pressão sanguínea. No entanto, enquanto na paixão a alteração dos
vasos sanguíneos ocorre na pele (e é uma dilatação), no ódio ela ocorre
nos músculos (e é uma contração).
Nossa Inteligência Interior – essa mesma que faz, por exemplo, com que
você, após comer, faça a sua digestão sem ter a menor consciência do que
está fazendo e faz com que, depois de aprendidas, certas ações sejam
executadas “automaticamente” , como dirigir um automóvel ou andar de
bicicleta – sabe exatamente como fazer a distinção física entre o ódio e
o amor. O ódio constante leva à muitas doenças físicas. O amor faz você
brilhar mais, causando reações de prazer e de maior disposição.
Odiando, você adoece.
Amando, você refloresce.
A escolha é só sua.
Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano é escritora,
apresentadora de TV e YouTuber. belvasconcelloscaetano@hotmail.com
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