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Esperemos que, acima das divergências políticas, o Ministério da Saúde resolva também colocar absorventes à disposição das mulheres nos postos, no SUS, a exemplo do que já faz com as camisinhas e com as fraldas geriátricas.
Enquanto isso não acontece, meninas, que tal ir a um posto de saúde com uma receita médica de fraldas geriátricas e usá-las como absorventes? Não é o ideal, mas pode resolver enquanto esperamos a lentidão da máquina federal.

 

Os Absorventes e as Fraldas

por Isabel Fomm de Vasconcellos

Revista UpPharma Ago 2021

 


No dia 1º de junho, o nosso Portal SAÚDE&LIVROS teve por destaque um vídeo com a médica ginecologista e obstetra, Dra. Tânia Santana, onde ela falava sobre mais uma das graves consequências dessa Pandemia: o empobrecimento das famílias impedia as meninas adolescentes e até as mulheres feitas de adquirirem absorventes higiênicos.

Alguns dias depois, o assunto ganhou algum destaque nas redes sociais pela mesma denúncia feita por ONGs paulistanas.
As mulheres mais pobres estavam usando miolo de pão envolto em qualquer papel para segurar o seu fluxo menstrual.
Ora – argumentava a doutora na nossa entrevista – os postos de saúde distribuem fraldas geriátricas e até preservativos masculinos. Por que não distribuem absorventes higiênicos?

Entre tantos retrocessos que temos vivido cotidianamente nesse nosso país, mais um! Mulheres voltando à época de suas bisavós, tendo que segurar seu fluxo menstrual com “paninhos” e outras improvisações!

Os postos de saúde se esqueceram das mulheres! A doutora calculava que, em média, 16 absorventes/mês seriam suficientes para a demanda de cada mulher. Quase nada!

Os absorventes surgiram na década de 1890 nos Estados Unidos e na Alemanha. Feitos com bandagens e vendidos em embalagens de seis. Mas foi apenas um século depois que uma médica alemã criou o OB (em alemão Ohne Biden – Sem Toalha) – ou seja, o absorvente interno.

Algumas mulheres mais antenadas, principalmente, por necessidade, as atletas que praticavam algum esporte aquático, algumas décadas antes do aparecimento do absorvente interno, já usavam os “tampões” cirúrgicos colocados dentro de seus canais vaginais para evitar o vexame de um absorventão flutuando sobre as águas de piscinas, mares, lagos...

Passadas três décadas desse avanço, o dos OBs, muitas mocinhas ainda têm medo de usá-los e perder a virgindade, ignorando que os hímens são elásticos; e muita mulher adulta também ainda acha estranho introduzir um desses dentro delas.

No entanto, na remota Antiguidade, no Egito, na Grécia, em Roma, na Índia e no Japão, as mulheres usavam absorventes internos feitos de papiro processado, lã macia ou algodão e gravetos como “suporte” para facilitar a introdução no corpo.

Mas, em pleno século XXI, ver mulheres deixarem de ir trabalhar ou de ir à escola porque não têm uma proteção adequada e os serviços de saúde não fornecerem a elas essa proteção... é uma tragédia.

Felizmente, o governador paulista, João Dória Jr., parece ter concordado conosco e com as ONGs que denunciaram essa situação.

No dia 14 de junho, o governador anunciou o lançamento do programa “Dignidade Íntima” que destina cerca de 30 milhões de reais para a compra, pelas escolas, de absorventes para as meninas que, muitas vezes, deixam de ir às aulas por falta destes.

Esperemos que, acima das divergências políticas, o Ministério da Saúde resolva também colocar absorventes à disposição das mulheres nos postos, no SUS, a exemplo do que já faz com as camisinhas e com as fraldas geriátricas.
 

Enquanto isso não acontece, meninas, que tal ir a um posto de saúde com uma receita médica de fraldas geriátricas e usá-las como absorventes? Não é o ideal, mas pode resolver enquanto esperamos a lentidão da máquina federal.

E, nos condomínios, onde temos organizado grandes doações de agasalhos, mantimentos e produtos de higiene, não nos esqueçamos de incluir absorventes higiênicos internos e externos, para o conforto e a saúde de todas as mulheres menos favorecidas!

Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano é escritora, jornalista, apresentadora de TV e YouTuber. isabel@isabelvasconcellos.com.br