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Revista UpPharma 2015 02 Não Menstruar: Novo Direito das Mulheres por Isabel Fomm de Vasconcellos |
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Nesta semana recebi um
e-mail de uma moça do Interior de Sergipe. Ela estava indignada porque,
de todos os médicos (e médicas) que consultara em sua cidade, nenhum
quis fazer-lhe a vontade. Ela queria parar de menstruar, pois sofre
muito todos os meses com uma TPM daquelas.
A moça em questão
acompanha as nossas discussões na Internet, pelo nosso portal e pelo
webprograma SóSaúde e tomara a sua decisão, com base nas muitas opiniões
que ouvira, de médicos importantes, sobre essa questão, ainda um tanto
polêmica. Como nenhum dos médicos da sua cidade quis atender ao seu
pedido, ela me perguntava se teria, então, que partir para a
automedicação.
É triste. Mas é verdade.
Ainda existem muitos médicos que se recusam a fazer as mulheres pararem
de menstruar, temendo que isso, no futuro, possa ter consequências e
argumentando que não existem pesquisas suficientes para indicar, com
segurança, a supressão da menstruação. Há ainda quem pense (e não são
apenas médicos) que suprimir a menstruação é negar a própria
feminilidade, como se o sangramento mensal fosse a definição das
mulheres. Eu não sou médica, mas já discuti o assunto muitas vezes em meus programas de rádio e TV, com médicos renomados, e acabei, como a moça que me escreveu, convencida de que não menstruar é um novo direito das mulheres contemporâneas. |
Por que não menstruar?
1. Mulheres que tomam
pílula, não ovulam. Não menstruam, portanto, apenas sangram quando fazem
a pausa na tomada de comprimidos, pausa essa considerada desnecessária,
inclusive, por muitos doutores. A menstruação é o resultado da concepção
que não aconteceu. Ou seja, o útero prepara, como diz a Dra. Tânia
Santana, uma “caminha” para o bebê, “revestindo” suas paredes com uma
camada de células de pele e sangue. Quando a ovulação não acontece, o
organismo interpreta como inútil aquela camada que se formou e trata de
se livrar dela. Portanto, para o Dr. Paulo Cesar Fernandes David, a
menstruação é apenas o “lixo” do organismo. Quem usa contraceptivos
anovulatórios, pílulas, não ovula, como o próprio nome diz. E se emendar
uma cartela de pílulas na outra, sem pausa, não sangrará. Porque a pausa
e o sangramento foram concebidos pelos criadores da pílula
anticoncepcional para que as mulheres (e a igreja...) aceitassem mais
facilmente sua utilização, já que, dessa forma, a pílula imitaria o
ciclo natural da mulher. O sangramento da pílula não é menstruação, é
sangramento decorrente da privação do hormônio. Conclusão: quem toma
pílula não menstrua.
2. Nossas avós não
menstruavam. Porque tinham tantos filhos que ou estavam grávidas ou
amamentando. Quase emendavam uma gravidez na outra. Grávida e/ou
amamentando, não se menstrua. Então menstruavam um mês ou dois e
voltavam a engravidar.
3. A natureza não fez a
mulher para ficar menstruando todos os meses de sua vida. E sim para
estar grávida na maioria dos meses de sua vida reprodutiva.
4. Menstruar seguidamente
pode ser a causa da endometriose, doença típica da mulher moderna. A
endometriose, como se sabe, é o crescimento anormal do endométrio
(parede do útero) fora do próprio útero, em outras regiões do corpo,
causando dor e sangramentos, um sofrimento muito grande às mulheres que
desenvolvem essa doença.
5. Suprimir a menstruação
(pela gravidez ou pelo uso de medicamentos) é o mais eficaz remédio para
endometriose e para a TPM.
6. Hoje existem métodos
seguros para suprimir a menstruação e, ao mesmo tempo, fazer
contracepção: implantes, injetáveis, anéis vaginais, pílulas e DIUs de
progesterona.
7. Quem se sente bem
menstruando, que menstrue. Mas mulheres para quem a menstruação é
sofrimento (portadoras de endometriose, TPM ou mesmo cólicas violentas),
não menstruar é sim um direito e não tem absolutamente nada demais.
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O destino da mulher NÃO é sofrer.
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