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Como Surgiu a Cirurgia Plástica

 

 

por Dr. Paulo Jatene

Antes de Cristo

Há muitos e muitos séculos já eram conhecidas determinadas técnicas de cirurgia plástica que até hoje são usadas, por exemplo, na cirurgia do nariz. A primeira notícia que se tem delas vem da Índia, no século VIII AC., de um cirurgião chamado Susruta Samhita e as cirurgias foram encontradas descritas num papiro de tempos antes da era cristã, em 1597, pelo italiano Tagliacozzi. É que, nessa época no Oriente uma das punições a crimes era cortar o nariz do delinquente...

Já na Roma Antiga, as técnicas desenvolvidas eram simples e concentradas na reparação das orelhas.

 

Na Idade Média
Um milênio mais tarde, Oribasius, um médico bizantino, redigiu um compêndio médico onde existem textos sobre cirurgia plástica e onde ele revela conhecimentos importantes sobre o uso de retalhos para evitar a distorção facial.
No entanto, foi apenas no século XV que a cirurgia plástica voltou a evoluir com os estudos de um cirurgião, Heinrich von Pfospeundt, que conseguiu, a partir do excesso de pele do braço, realizar a reconstrução de um nariz.

 

A Guerra como mola propulsora

A rinoplastia se tornou assim uma espécie de “mãe” da plástica, alcançando grande sucesso na Europa no século XVIII. A guerra (e suas consequências para os soldados feridos) foi a grande mola propulsora do desenvolvimento das técnicas de cirurgia plástica.
 

Mas grandes problemas envolviam a cirurgia plástica nas eras mais antigas. Primeiro, a dor. Por mais que se procurassem maneiras de deixar os indivíduos inconscientes, a dor era sempre mais forte que a inconsciência...
O segundo grande problema eram as infecções. Ferimentos naturais já muitas vezes eram responsáveis por sérias infecções que podiam levar, sem muita dificuldade, à morte.
 

 

Salvador Dali, 1938 - Enigma sem fim

Ervas com efeitos anti inflamatórios e/ou cicatrizantes eram empregadas na tentativa de evitar os efeitos indesejáveis dos cortes e ferimentos, mas só mesmo com o advento dos antibióticos, já no século XX da nossa era, depois da Segunda Guerra Mundial, foi possível pensar em cirurgias de longa duração.
Algumas décadas antes, o aperfeiçoamento das armas de guerra, que causavam cada vez mais mutilações nos feridos, obrigou os cirurgiões a desenvolverem também cada vez mais técnicas cirúrgicas reparadoras.
 

No entanto, até a década de 1940 a cirurgia plástica era atributo de cirurgiões gerais e não existia como especialidade médica. Afinal, usar técnicas cirúrgicas com fins estéticos era uma atitude mal vista nos meios acadêmicos da Medicina e mesmo na sociedade em geral (Veja que, até os nossos dias, membros da família real britânica ainda se recusam a fazer cirurgias plásticas rejuvenescedoras ou estéticas).
Quando a especialidade se estabeleceu a distinção entre cirurgia “reparadora” e “estética” se firmou como uma coisa muito forte e muita gente ainda discriminava os cirurgiões que se dedicavam exclusivamente à prática das chamadas cirurgias “estéticas”. Por “reparadoras”compreendiam-se aquelas que visavam corrigir defeitos de nascença ou sequelas de guerra ou de acidentes.
No entanto, cada vez mais, hoje em dia essa diferença entre o que é estético e o que é reparador, em matéria de cirurgia plástica, vai desaparecendo.
Com o enorme crescimento da especialidade, com o desenvolvimento de novas técnicas, inclusive as minimamente invasivas, vai se firmando a consciência da importância da correção estética para a própria saúde do paciente, uma vez que a satisfação com seu próprio corpo, a autoestima e os sentimentos positivos decorrentes de tudo isso causam um natural aumento dos cuidados preventivos e acabam proporcionando uma saúde melhor. Tanto física quanto mentalmente.