O Salgueiro e a Aspirina

por Dr. Nabil Ghorayeb

 

Do ponto de vista farmacológico, a aspirina é um anti-inflamatório não esteroide, usado desde o final do século XIX.

Sua história remonta à época um pouco anterior à Hipócrates.

 

Lá pelos anos 390 AC, sabia-se que as febres podiam ser combatidas mastigando-se casca do salgueiro (árvore!!). O agente químico ativo da casca do salgueiro foi identificado em 1827 como sendo a salicina, que depois foi transformado em ácido salicílico, mais efetivo na redução de febres, com ótima ação analgésica e anti-inflamatória. Os efeitos colaterais de seu uso abusivo ou mesmo seu uso sem exageros por algumas pessoas muito sensíveis a ele é a ação danosa ao aparelho digestivo (hemorragias) e alergias graves, principalmente em crianças (síndrome de Reye).

 

Dentro da cardiologia, ela tem seu uso indicado com enorme frequência como a substância que diminui a agregação das plaquetas (evita a formação de coágulos). Vários estudos definiram que após a ocorrência de um evento como angina do peito, infarto do miocárdio, derrame cerebral e trombose da perna ou da carótida, o ácido acetilsalicílico diminui o risco da repetição deste evento. Após a angioplastia com stent, o sucesso depende do uso regular por meses seguidos. Numa crise aguda de angina ou no início de um infarto, o primeiro socorro é mastigar um comprimido de 500mg (325mg de sustância ativa) ou 03 comprimidos de 100 mg de ácido acetilsalicílico, enquanto se providencia o atendimento de emergência. Atualmente, a recomendação é a de não usar mais aquele conhecido vasodilatador debaixo da língua.

 

Durante o 69° Congresso Americano de Cirurgia do Tórax, uma pesquisa chamou a atenção.

Detectou que o fato de suspender o uso do ácido acetilsalicílico de pacientes cardíacos, para que realizassem tratamentos dentários, endoscopias ou algumas cirurgias gerais, sem outras medidas de substituição, foi um problema. Foram estudados 1236 pacientes internados com complicações cardíacas e 51 (4,1%) tinham parado uma semana antes a aspirina que usavam há pelo menos 03 meses. Os com angina, pela provável falta deste medicamento antiagregante das plaquetas, chegaram a 10%. A conclusão é a de que, sendo necessária a suspensão da aspirina, medidas suplementares de substituição devem ser tomadas obrigatoriamente, para se evitar o risco de formação de coágulos nos vasos sanguíneos, situação de alto risco para a vida.

 

Monet, 1919, Salgueiro

 

 

O Ácido acetilsalicílico, princípio ativo da aspirina, tem vários nomes comerciais: AAS®, Aspirina®, Buferin®, Somalgin®, entre outros. É existe mais de um século! Ainda tem defensores e combatentes radicais.

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