Domingo, 15 de janeiro
de 2023 14h00
ENERGIZANDO
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Nossa, gente querida! Ontem, porque coloquei aqui o link para o meu
livro "O Poder e as Estrelas", resolvi dar uma repaginada nos capítulos
que estão publicados no Portal SAÚDE&LIVROS. O livro inteiro: 20
capítulos, 20 subpáginas ilustradas. Achei que seria uma moleza, só uma
guaribadinha... levou três horas! Das 18h00 às 21h00!
É uma história de ficção científica e confesso que me surpreendi ao
relê-la. Gostei. Me surpreendi ainda mais quando cheguei ao fim e vi a
data em que o livro foi concluído! Não pude acreditar! Meu Deus...
Pensava que o tivesse escrito há uns 5 ou 6 anos... Foi há quase 21
anos! E ele não perdeu, em nada, a atualidade! Ao contrário. Parece ter
sido escrito ontem!
Ler:http://www.isabelvasconcellos.com.br/LivroswOPodereasEstrelascap01.htm
Último dia de férias.
À tarde (tomara que tenha pôr do sol), vou gravar minha chamada, com o
Philip e a Elizabeth e publicar a atração da segunda-feira, no Portal e
divulgar nas redes sociais.
Também é o último texto do Diário das Férias, esse. Trabalhando, não há
tempo pra escrever abobrinhas, publicá-las, editar fotos, ilustrá-las,
essas coisas que tenho feito.
Mas é claro que, de vez em quando... estarei por aqui, não só com as
postagens do Portal, mas também com algumas abobrinhas...
Muito grata aos amigos que me acompanharam nesse diário. Fiz uma
subpágina Memória, no Portal, reunindo tudo o que publiquei aqui, as
fotos e os comentários maravilhosos dos amigos. Na sexta, dia 20, darei
destaque pra essa subpágina do Portal aqui e em outras redes.
Hoje, como finalmente fez sol, fui caminhar de manhã no jardim, fiz
algumas fotos, me energizei. Já estou pronta pra enfrentar mais um ano
de trabalho, com publicações diárias, escrevendo livros, gravando e
editando vídeos. Já estava até com saudades dessa saudável rotina!
Tchau, queridos amigos! Que tenhamos um bom ano, no nosso país e no
mundo! Que acabem as guerras! Todas, de todos os tipos, inclusive as
nossas, cotidianas. Que tenhamos paz, ciência, saúde, educação e muita
esperança!
Um beijo a todos e, de novo, obrigada!!!
Sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
18h40
O PODER E AS ESTRELAS
por Isabel Fomm de Vasconcellos
Caetano
A 176 anos-luz da nossa Terra, mora
uma estrela chamada, pelos humanos de TOI 700, na constelação de
Dourado, identificada no século XVII. Três planetinhas orbitam essa
estrela: TOI b, TOI c e TOI d.
Mas a xeretagem astronômica dos humanos não tem limites, graças a Deus.
Assim, a NASA, desde 2018, através de um satélite telescópio que tem o
mesmo nome de uma personagem maravilhosa da série Startrek Voyager, TESS
(Transiting Exoplanet Survey Sattelitte), acaba de descobrir, no último
dia 10 de janeiro de 2023, um quarto planeta em órbita nesse sistema: O
TOI 700 e.
Esse, o e, tem quase o tamanho da terra: 95% da massa da nossa Casa e,
melhor ainda, água em estado líquido e potencial para abrigar vida.
Assim sendo, pode ser que tenhamos, afinal, descoberto os nossos
primeiros vizinhos cósmicos.
Mas esses estariam a 104 anos-luz de distância. Ou seja, cerca de 10
trilhões de quilômetros X 104 = 1040 trilhões de quilômetros.
Enquanto os humanos não descobrem a tal da “velocidade de dobra”, tão
presente na ficção científica, será complicado dar um alô aos nossos
vizinhos mais próximos.
E, pensando bem, talvez seja melhor que demore mesmo muito tempo para
que os humanos cheguem a planetas vizinhos. Porque, se o fizerem,
provavelmente o farão como quando chegaram às Américas, por exemplo:
destruindo culturas e civilizações nativas, escravizando povos
originais, barbarizando o que eles próprios – os verdadeiros bárbaros
exploradores – chamaram de “primitivos”.
Primitivo é a vovozinha, ô cara!
Por tudo isso, acabei me lembrando de um livro meu, que nunca foi
publicado fisicamente, mas está no meu Portal à disposição para leitura
gratuita. Chama-se “O Poder e As Estrelas” e fala justamente disso: de
humanos chegando a um planeta habitado e em diferente estágio de
evolução. Ficou curioso? Então leia:
http://www.isabelvasconcellos.com.br/LivroswOPodereasEstrelascap01.htm
Quinta-feira, 12 de
janeiro de 2023
21h00
DOWNTON ABBEY. COMO SE FOSSE ONTEM!
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Minha amiga virtual, Eliezete Luna, comentou no meu post de ontem: "Mas
também respeite os pedidos do seu corpo. Eles refletem nossa alma também
e às vezes, não fazer nada e ficar na cama é o que nos reenergiza.
Beijos."
Ela estava certíssima. E eu, meio burramente, embora de férias, ainda
seguindo, como eu disse que todos o fazem, as agendas ou, no mínimo, os
hábitos! O que ela me disse foi, assim, uma libertação.
Ontem à noite fui dormir, como sempre, por volta das 22h00-22h30. Em vez
de noticiários (eu já tinha, durante o dia, tomado um porre deles, na
BBC de Londres e na Globo News) liguei a TV direto na NetFlix, onde já
começara a rever a maravilhosa série "Downton Abbey". Resolvi fazer a
minha maratona particular e fiquei assistindo os filmes... até as 4 da
manhã, quando capotei. Uma maravilha! Era exatamente o que a minha alma
estava pedindo.
Embora ambientada nas primeiras duas décadas do século XX, Downton Abbey
é carregada de amor, solidariedade, sofrimento, humanidade. É claro que
as relações entre as pessoas, naquele tempo e numa mansão inglesa de um
conde, eram muito diferentes das de hoje. Só a guerra (I Guerra Mundial
- 1914-1919) é igual a de hoje, com as mesmas brutalidades, embora
diferentes armas.
Mas o amor, a humanidade, o sentimento, que permeia todas as relações
são, muito provavelmente, anos luz de distância, para melhor, do que
aquelas que permeiam os dramas de hoje, os filmes passados em nossa
época.
Muito emocionante! Muito envolvente. Eu já tinha assistido, com meu
amor, Mauro Caetano, há alguns anos, mas com legenda em português (na
NetClaro) o que acaba prejudicando um pouco o total entendimento. Na
NetFlix existe o recurso das legendas em inglês, som original. Muito
melhor!
Acordei, depois desse porre de Downton Abbey, às 9 da manhã. Super
tarde, pro meu padrão (não disse que eu também acabo escrava dos hábitos
e das agendas?): normalmente, mesmo nas férias, às 6-6h30 já estou
pulando da cama.
Fiz o de sempre: faxina na casinha do Philip e da Elizabeth, café, e já
liguei a TV do quarto no noticiário. Fiz minha bike, musculação,
alongamento, recolhi e guardei roupa, fui pro chuveiro e, em vez de vir
aqui ligar o computer, voltei pra Downton Abbey.
Almocei vendo Downton Abbey. Falei com quem precisava, no What'sAPP,
vendo Downton Abbey e até agora, há bem pouco tempo, estive vendo
Downton Abbey. Pus os passarinhos no ombro, brinquei com eles, vendo
Downton Abbey.
Chorei muito. Tanto na madrugada de ontem como no dia de hoje. Porque
toda a emoção e todo o profundo sentimento que permeiam a história,
fizeram-me sentir como se o meu amor tivesse morrido ontem, ontem, e não
há 534 dias passados!
Ah! Que maravilhosos recursos temos nos dias de hoje, nas nossas tantas
e tão variadas telas -- além dos livros, é claro, que continuam prá lá
de vivos e presentes -- para lavar a alma!
Já chorei muitas lágrimas, em muitos dias, pela irreparável perda do meu
amor. Mas ainda precisava chorar mais. E, muito provavelmente, chorarei
por muitos e muitos dias, para o resto da minha vida. Mas, de fato e de
novo, lavei a alma!
Agradeço, minha amiga virtual, Eliezete Luna, pelo sábio conselho.
Sinto-me renovada, realmente!
Um dia, minha maravilhosa amiga psiquiatra, June Melles Megre, me disse:
"É preciso viver o luto até o fim".
Talvez ele, o luto, não tenha fim, afinal. O tenho vivido. Alguns dias
mais que os outros. Mas com a alegria que me trazem os amigos, o
trabalho, a nossa maravilhosa casa, os passarinhos (tão lindinhos, meu
Deus!), as plantas sensacionais e a lembrança do meu amor, viva dentro
de mim, sempre inspiração e força. É isso.
Boa noite, gente querida!
Quarta-feira, 11 de
janeiro de 2023 12h30
NÃO HÁ DE SER SEM LUTA.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Acordei, fiz normalmente as coisas, faxina na casinha do Philip e da
Elizabeth, café... Estava me preparando para ir à bike, quando baixou
uma súbita preguiça... Ou não. Um desânimo, fraqueza, lá sei eu... Muito
estranho. Normalmente me levanto a mil por hora, bem disposta, essas
coisas... De onde veio essa indisposição? Não sei.
Lembrei-me de que o ovo é um alimento que fornece energia
instantaneamente. Assim sendo, preparei um, no micro-ondas, comi e
fiquei lá, deitada na minha cama, vendo os noticiários da TV. E lá
estive até agora, por três horas, indisposta mesmo. Então imaginei que
pudesse ser a ressaca dos últimos três dias de noticiários, com tanto
horror instalado em nosso país. Melhorei.
Agora já estou aqui. Passarinhos no ombro, computador finalmente ligado,
a disposição voltou, mas não tão grande a ponto de eu topar encarar a
ginástica. Vai ficar pra amanhã.
O tempo chuvoso, que já dura tantos e tantos dias, a ressaca dos
noticiários, deve ter sido isso.
Subitamente, porém, me invade a ideia de que talvez seja simplesmente a
idade, a velhice. Ah, não! Chô, velhice! Comigo, não!
Meu primo querido, o neurologista Jose Reynaldo, um dia me falou sobre
aqueles que negam a idade e eu senti uma leve insinuação, na fala dele:
eu poderia estar fazendo exatamente isso. Não. Não poderia, não: eu
realmente ESTOU fazendo isso. E farei sempre.
Admitir e se entregar aos grandes estragos da velhice não faz parte dos
meus planos; ainda que essa seja uma luta fadada ao fracasso, lutarei
com todas as minhas forças para não me deixar abater.
Nunca tive medo da velhice, até ver o que ela fez ao meu amado marido,
Mauro Caetano. Aí, passei a temê-la. Mas lutarei. Como estou fazendo
agora. Nada de desânimo. Nada de se deixar abater.
Por dentro, em vez de 71, eu tenho 17! No entanto, mesmo aos 17, há dias
de preguiça, dias de indisposição. Então, à luta!
Ainda que hoje bastante atrasada, despeço-me aqui, caros amigos. Vou me
enfiar sob o chuveiro e sair de lá renovada! À luta!
Terça-feira, 10 de
janeiro de 2023
IDADE MÉDIA BRASILEIRA
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Fala a verdade, você sabia que no nosso país existia tanta gente
ignorante e atrasada, como esses vândalos terroristas de extrema
direita? Parece incrível.
É claro que a gente sabia que nosso infeliz ex presidente era um sujeito
chulo, um deputadozinho de baixo clero, que nunca apresentou nenhum
projeto útil na câmera e ocupou uma cadeira no Legislativo, paga com a
nosso rico dinheirinho, por 27 anos, antes de dar o genial (foi para o
mal, mas foi genial mesmo) golpe das redes sociais, com uma tremenda
sacação de que o momento, no Brasil, pedia um "messias".
Antes, só votavam nele certos setores suspeitos da sociedade carioca.
Depois que ele posou de bonzinho na Internet, ganhou as eleições e a
presidência, empurrando o nosso país rumo à escuridão, por longuíssimos
quatro anos.
Machista. Misógino. Mentiroso. Falso. Desumano. Sem empatia. Ignorante.
Tudo de pior. Mas posara de salvador da pátria e muita, muita gente
mesmo, acreditara...
Sim, porque, naquele momento, o Brasil mergulhara de cabeça nas mentiras
de outro golpe da direita, um golpe que começara depondo a nossa
presidente (não gosto dela, esclareço) legitimamente eleita pelas urnas.
Sim, porque, naquele momento, o Brasil acreditava, a cada dia mais, em
todas as sonoras barbaridades afirmadas nas redes sociais, descaradas e
vergonhosas mentiras!
Eu já esperava uma macaquice do episódio do Capitólio, por aqui. Mas
juro, meus amigos, que jamais poderia imaginar, uma filial do talibã
destruindo obras de arte no Brasil, ao atacar prédios públicos que são a
representação dos três poderes políticos brasileiros.
Quanta ignorância! Quanta incompetência! Quanta incapacidade de agir
civilizadamente, de fazer oposição pelos meios legais! Quanta burrice!
Nunca imaginei que pudesse ser tamanha a barbárie no meu país!
Mas agora eu sei. Agora você sabe. E nada mais será como antes.
Por outro lado, nesse momento, está
acontecendo uma enorme mobilização digital de brasileiros decentes (que,
acredite, são a maioria) ajudando na identificação desses terroristas
ignorantes.
Existem eleitores do nosso ex que são decentes também, pode crer. Nem
todos são estúpidos. Todos, porém, foram iludidos, ou, a essa altura com
campeonato, não mais.
Durante essa Idade Média Brasileira, que durou 4 anos, muitos eleitores
desse energúmeno foram abandonando o navio, decepcionados com os
escalabros diários daquele que eles puseram no poder. Por engano, mas
puseram.
Agora, diante da barbárie, o nosso ex perde ainda mais eleitores e vê
diminuir o grande capital político que ele trouxe das eleições (quase
50% dos votos) e que lhe daria alguma chance de ser presidente de novo,
daqui a 4 anos.
Agora? Agora perdeu de vez.
Esse é o lado bom do atentado terrorista contra os Três Poderes e nossos
maravilhosos museus de arte que estão em nossos Palácios.
O Mal mostrou a sua verdadeira cara.
Agora sabemos.
Segunda-feira, 9 de janeiro de 2023 12h30
AMOR AMPLIFICADOR
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Na adolescência fui enganada pelo pensamento cristão, aliás, pelo
pensamento católico. A nossa Igreja Católica, antes de Francisco, o
nosso Papa progressista, não tinha mesmo muito a ver com os geniais
ensinamentos de Jesus Christo. Li uma infinidade de autores católicos,
então, nessa época, quando era militante da JEC (Juventude Estudantil
Católica).
Mas, lá pelos meus 16, 17 anos de idade, fui percebendo que não poderia
mais me enganar: a Igreja era intolerante, machista, muitas vezes
desumana, e estava a anos-luz de distância da essência do verdadeiro
Cristianismo.
Entre os autores que li, então, estava Michel Quoist. E há uma citação
dele da qual jamais me esqueci: "Amar não é olhar um para o outro, mas
olharem ambos na mesma direção".
Nem sempre. A minha vida de longos 38 anos de amor com Mauro Caetano foi
olhar, sim, na mesma direção, mas foi, principalmente olhar um para o
outro.
Não que tenhamos nos tornado um casal de alienados da realidade social e
política do nosso país e do mundo. Mas, apesar dessa visão, vivemos,
sim, um para o outro, E não há nenhum arrependimento nisso, porque o
amor que nos une é uma mola propulsora para o amor a todos e a tudo.
Por isso, ouço discordar do nosso querido Michel Quoist. O amor, entre
casais, homos ou heteros, o amor verdadeiro entre as pessoas, gera, em
nós, amor pelo mundo.
E, assim, sou muito grata à vida por ter nos proporcionado essa
possibilidade de amplificar o amor e transmiti-lo a tudo o que nos
rodeia e nos contêm.
Domingo, 8 de janeiro de
2023
19h00
DEVOLVE JÁ A
MINHA CAMISA, Ô CARINHA!
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Ô carinha, faça o favor de me
devolver a camisa da seleção e a minha bandeira auriverde porque você,
terroristazinho vulgar e mal educado pelo espírito do vandalismo, não
merece vestir as cores da minha Pátria.
Você, que não sabe perder! Você, que é incapaz de aceitar a democrática
derrota que sofreu nas urnas. Você, que não tem a menor ideia de como
funciona o equilíbrio dos poderes numa democracia. Você, que, como
queria Asimov, usa a violência como o último recurso da sua própria
incompetência.
Você, que não sabe o que é diálogo, não sabe o que é respeito, não sabe
o que é civilidade, não sabe o que é política com P maiscúlo, não sabe
nada, só sabe de seu próprio umbigo, e, como queria Brechet, o seu fuzil
é o seu argumento.
Em última instância, você é um grande trouxa! Além de
um grande covarde, que não tem garra suficiente para enfrentar seus
adversários políticos pelos meios legais!
Então devolve aqui a minha bandeira.
Despe a minha auriverde camisa.
Afinal, na cadeia, a sua roupa será
outra.
Sábado, 7 de janeiro de
2023 22h00
A PONTE
Por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Sabe, meu amor, que a Elizabeth I morreu 48 horas depois de chegar aqui,
junto com o Philip, no dia 27 de setembro, ambos filhotinhos não
desmamados ainda.
Ah, você sabe sim, porque escrevi aquela história – para alguns,
comovente – de você negociando com Deus para voltar como uma passarinha
e morrer, de novo, dentro da minha mão direita...
Mas quando veio a segunda Elizabeth, creio que lá pelo dia 10 de
novembro, nós todos – Roseli, Jacinta, Mário, Cesar – já a achamos muito
esquisita. Ela piava demais, o tempo todo, a ponto de irritar o Philip que, quando ela começava com a piação, fugia dela como o diabo da cruz.
Roseli vivia achando que ela estava com frio. A colocava dentro do
casaco. Ela tremia. Eu a colocava entre os meus seios, até botei mais
uma lâmpada junto à casinha, enfim... tentávamos ver se ela se acalmava.
Um belo dia, ela sumiu. Simplesmente desapareceu. Pouco antes de
desaparecer, tinha se escondido sob a geladeira, na cozinha, o que me
deixou louca, desesperada. Mas por fim saiu de lá e, logo em seguida,
sumiu. Fiquei mais desesperada ainda, coloquei o Philip no ombro e
saímos procurando pela casa inteira. Mas então, meu gato, subitamente me
tranquilizei. Porque imaginei como você reagiria. Sei que nem ao menos
levantaria os olhos da tela do computador para me dizer:
-- Não esquenta, Bel. Ela está por aí. Logo aparecerá.
De fato, logo ela apareceu, sob o carrinho de chá, na cozinha.
Alguns dias depois estava “empapuçada”, o papo duro de papinha encruada.
Dei-lhe água morna e ficamos, Roseli e eu, massageando lhe o papo, na
esperança de dissolver a papinha. Até tivemos certo êxito e eu a
coloquei na casinha para dormir. No dia seguinte, ela amanheceu
tragicamente morta, muito magrinha, com a cabecinha dentro do prato de
papinha... estava tentando se alimentar, mas não teve jeito. Foi
horrível. Foi num sábado de manhã e eu fiz para ela, como fizera para a
Elizabeth I, um caixãozinho enfeitado e Cesar a enterrou no jardim.
Philip continuou sozinho até que Lucas, o criador, me mandou essa
Elizabeth III, diferente das outras duas, não azul escura como essas,
mas azul clarinha, esverdeada. E essa, graças a Deus, está sadia, forte
e alegre, como o Philip.
Estou contando tudo isso porque quero mostrar a você como é você que
ainda me tranquiliza. Like a bridge over trouble water.
Quando alguma coisa me estressa – como o sumiço da Elizabeth II –
imagino como você reagiria à situação. Sempre fui chegada a fazer
tempestades em copos d’água. Você sempre foi o contrário, você sempre
foi a minha ponte sobre as águas revoltas.
E isso simplesmente permanece. Se, no fim do mês, entro no cheque
especial, e fico nervosa com isso, lembro-me de que você vivia
tranquilamente do cheque especial. Logo aparece uma grana, caída do céu,
um novo livro, um pequeno trabalho remunerado e lá vou eu, em direção ao
azul...
Se o computador dá um tilt, se o programa de publicação do site não
responde, já não me agito. Lembro de você, que sempre encontrava, na
informática, a solução para qualquer problema e, com ou sem a ajuda do
Rui ou do Almir, simplesmente resolvo.
Essa sua tranquilidade, diante dos grandes ou pequenos problemas do
cotidiano, é que me inspira, me resguarda e me faz seguir.
Por isso, você está aqui, muito mais do que nas lembranças esparramadas
por toda a casa, mas sim dentro de mim, como inspiração, como a ponte,
como o seu amor, o seu carinho, a sua certeza.
Sou a sua metade. E assim o serei para sempre, meu doce amor!
Sábado, 7 de janeiro de
2023
por
Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
1)
TRABALHADORES
Lendo no Estadão as muitas medidas que o Governo Lula tomou, no sentido
de desmontar as sonoras barbaridades de seu antecessor, e isso em apenas
5 dias de Governo, penso no quanto devo eu a tantas e tantas pessoas que
estão trabalhando agora, e que trabalham todos os dias, para que eu (e
você) possa (possamos) usufruir de todo o conforto e de todas as
facilidades do cotidiano doméstico. Energia elétrica. TV a cabo.
Internet. Água. Comida. Roupas... Enfim, tudo!
Por analogia, penso então no meu vídeo
(Liberdade. Dia 1 da Reconstrução - que tem por trilha sonora o
hino, composto em 1822, pelo nosso então Imperador D.Pedro I - "já raiou
a Liberdade no horizonte do Brasil". Usei, por trilha sonora, a gravação
de um filme produzido pela TV Cultura e dirigido por Jarbas Agnelli, com
trilha pela Orquestra Brasil Jazz Sinfônica, onde a música do nosso Hino
da Independência é ritmada e pautada pelo som dos instrumentos de
trabalho dos operários que estavam a reformar o Museu do Ipiranga. Um
espetáculo de audio! É o ritmo do trabalho dando vida à liberdade!
Não me canso de dizer: somos todos interdependentes! Estamos todos
interligados, não só os seres humanos, mas também a Natureza, o Planeta,
o Universo. E, mais uma vez, cá estou a lamentar as mentes estreitas que
só conseguem enxergar seus horizontes limitados por desejos banais e
anseios puramente materiais.
2) CIÚMES
Hoje também descobri que Philip, meu lindo passarinho, morre de ciúmes
de sua nova companheira, a Elizabeth III. Bem que eu já desconfiava! Mas
tive a confirmação.
De manhã, como sempre, estavam os dois no meu ombro. Se bem que Philip
tenha feito uma certa birra pra vir comigo hoje. Bicou me dedo, se
recusou a subir na minha mão, mas, depois, veio.
Enquanto estavam os dois comigo, ele ficava bicando furiosamente a minha
pobre orelha que, pra rimar, ficou até vermelha. Depois foram pra
casinha deles, hora de comer.
De repente -- eu lavando a louça do meu almoço -- Philip me aparece à
porta da cozinha, sem Elizabeth. Estendi a mão e ele subiu pro meu ombro
onde ficou, sem me dar nenhuma bicada furiosa, por algumas horas,
enquanto eu fazia as coisas: troquei mais uma planta de vaso (um grande
antúrio rajado), arrumei o vaso de um raro antúrio negro, limpei tudo,
guardei os instrumentos, a terra e as pedras.
E tudo isso com Philip mordendo meu colar, minha tirinha dos óculos,
passeando pelo meu peito, se enfiando na minha flor da lapela... sem
nenhuma bicada na orelha! Quando Elizabeth está junto, ela me faz
carinho e ele me bica! Passarinho danadinho esse... ciumento! Morro de
rir.
3) ESSE CLIMA
Além de estar ventando sem parar, todos os dias e em todos os lugares do
mundo (vejo pelas TVs internacionais, cabelos de repórteres voando,
folhas de árvores se debatendo...) desde o mês de julho (aquele, o mês
dos furacões, está lembrando?), o verão paulistano que, nos últimos
anos, ou décadas, vinha sendo torrencialmente quente, está parecendo o
verão das minhas infância e juventude: um frio invernal!
Passei a aurora da minha vida no Castelo, Clube de Campo, na Represa do
Guarapiranga, onde tínhamos um barco, uma lancha maravilhosa, casco
feito de ripas de madeira, com motor de pôpa. Esquiávamos! Era
sensacional! Mas estávamos sempre morrendo de frio, mesmo com nossas
roupas de borracha.
Isso porque São Paulo era frio. Frio e chuva. Terra da garoa. Eu me
lembro perfeitamente da primeira vez em que os termômetros marcaram os
30 graus centígrados nessa cidade. Lembro-me porque foi um acontecimento
inédito, marcante. Carnaval de 1983.
Passamos o dia esquiando e em excursão, vários barcos, até a
desmbocadura do Rio Embu, no quarto lago da Guarapiranga. Uma aventura,
subir em nossos barcos, aquele riozinho estreito e perigoso, com seu
leito de grandes pedras. Não bastava o ecobatímetro. Quando esse
revelasse o obstáculo, sob os cascos das nossas lanchas, já teríamos
batido! Era preciso ter sempre alguém sentado na proa dos barcos,
segurando um remo abaixo da linha d'água para detectar uma pedra
maiorzona...
A paisagem cinza, nublada e indefinida, que estou fitando agora pela
Janela da Paulista, o chão e os tetos molhados por fina garoa, era a
regra até os anos 1990, nessa cidade. Sol? Talvez seis dias num ano?
Parece difícil de acreditar, mas era assim o clima na cidade de São
Paulo. E sempre fôra. Li uma crônica de um visitante que, no meio dos
anos 1560, já reclamava do gelado e úmido clima paulistano...
Agora, depois de décadas de ausência, aí está a garoa de volta! Aí está
a temperatura de 15 graus, em plena tarde de verão!
O que será que houve? O que houve antes, depois dos anos 1990, e o que
está havendo agora? Alguém sabe? Porque eu, sinceramente, não sei! O que
sei é que estou adorando ter de volta essa tradicional São Paulo, minha
cidade, que eu amo, chova ou faça sol!
Muito boa tarde gelada, amigos meus! Até amanhã (enquanto durarem as
férias...)
Sexta-feira, 6 de
janeiro de 2023
20h00
NÓS E AS ESTRELAS
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Oito da noite. Já fiz um bocado de coisas hoje. Minha ginástica. Faxina
de todo dia na casinha do Philip e da Elizabeth. Troquei o vaso de um
hibisco fechado, por um maior. Molhei as plantas altas. Arrumei, na
casa, tudo o que havia para ser arrumado, essas coisas. Almocei com
champagne. Vi o noticiário e a reunião ministerial do Lula.
Li mais um capítulo do Game of Thrones e tive que me segurar para não
trabalhar, pois me deu vontade de gravar o meu programa de livros pra
FmTV. Não. Não trabalhar nas férias -- ordem de dois dos meus médicos
amados, Nabil Ghorayeb e Marcello Pedreira... eheheh...
No próximo programa vou falar de "As Brumas de Avalon", o livro enorme
da Marion Zimmer Bradley, simplesmente sensacional e inelargável. O li,
pela primeira vez, em português, em 1985. Depois li no original, em
inglês, mais de 10 vezes, nesses anos todos.
É uma viagem fantástica para Camelot, com um rei Arthur que é um ser
humano sensacional, apaixonado por sua meia irmã Morgana que, na versão
da Bradley, é uma grande maga e não a bruxa má tantas vezes pintada na
literatura e no cinema. Comprei, na Amazon, uma edição mais nova, porque
o meu livro original está completamente desbeiçado, soltando páginas, de
tantas vezes que o li.
O livro nos descortina a magia que existe na Vida.
Pensando nisso, lamento que tantas pessoas, hoje, vivam como se fossem
imortais, vivam para realizar desejos apenas materiais, ocupadas demais
para se dar conta e tomar consciência do grande mistério que é essa
vida. Grande e maravilhoso mistério, como grande e maravilhoso é o
Universo onde estamos inseridos, sendo que estamos apenas em um
minúsculo planeta, num minúsculo sistema estelar que gira em torno de
uma estrela pequenininha, o nosso sol, apenas de 5a. grandeza.
Como somos minúsculos. E como podemos ser gigantes! Paradoxos e
contradições.
Fitando as estrelas e sentindo a força que delas emana, tudo encolhe.
SHRINK! Adoro esse verbo. O som dele é muito mais "encolher" do que na
nossa língua pátria. SHRINK! Todas as "tão importantes" questões que nos
permeiam a vida cotidiana simplesmente encolhem diante da magnífica
visão do Universo e do eterno mistério dessa vida.
Mistério esse que o ser humano vem tentando decifrar desde que descobriu
o fogo e a razão.
Com diz meu querido amigo escritor, Antonio Costella, em matéria de
comunicação, fomos do grito ao satélite. E tudo em pouco mais de dois
séculos, o que é um tempo muito curto, se comparado a aquele em que
habitamos esse Planeta.
E, nesse século XXI, carregamos toda a informação, acumulada pela
História, nas palmas de nossas mãos, em nossos -- até pouco tempo atrás,
impensáveis -- celulares, que nos dão acesso imediato a tudo e a todos!
Assim, também me parece impensável que possam existir seres humanos com
a mentalidade estreita do imediatismo, sem a dimensão histórica de todas
as conquistas científicas alcançadas por nossos antepassados e que,
hoje, avançam com ainda maior velocidade e precisão.
É inacreditável que existam aqueles que não conseguem ser gratos à
herança de conhecimento, ciência, filosofia, arte, cultura, da qual
desfrutamos hoje e que, esses, vejam em nosso progresso -- o da
humanidade -- apenas o utilitarismo, o imediatismo das conquistas
materiais e não o que está por detrás delas!
E, por trás delas, está esse maravilhoso espírito desbravador e
indomável que nos faz almejar cada vez mais compreensão e conhecimento.
O mesmo espírito que impulsiona, e impulsionou as mais sadias mentes da
nossa História, desde que, pela primeira vez, alguém, em um passado
muito distante, fitou o céu e as estrelas e perguntou-se, afinal, o que
seriam essas coisinhas que brilham à noite.
Apesar de tanta tristeza, de tanta guerra, de tanta intolerância, de
tanta ignorância, o ser humano é, em última instância, maravilhoso!
Pensamos, logo, existimos! Sentimos, logo, somos!
Por tudo isso, as mentalidades estreitas e medíocres de gente que só se
importa com o seu próprio umbigo, parecem-me tão estranhas, irreais
mesmo, e de uma grande infelicidade.
Sou triste, na ausência do meu amor, Mauro Caetano. Mas sou feliz com
minhas plantas, meus passarinhos, minha casa, meus amigos e com as
estrelas (aliás, pouco visíveis aqui no coração da metrópole, na
Paulista).
Sou feliz por ter essa vida de amor, de carinho, de reconhecimento da
minha condição e da minha limitação humana.
Sou feliz vendo, em meio a tanto sofrimento que grassa solto pela Terra,
as almas e as mentes que ousam sonhar, que ousam lutar pela construção
de um mundo melhor para todos nós.
A essas, meu agradecimento, minha solidariedade, minha eterna admiração.
Continuemos sonhando, sonhar é o privilégio dos que conquistam, dos que
alcançam, dos que têm a coragem de ser o que o coração mandar!
Boa noite, meus amigos. Boa noite a todos! Feliz ano novo! A esperança
voltou ao Brasil! E já me contagia...
Sexta-feira, 06 de janeiro de 2023
DIA DE REIS.
PHILIP E ELIZABETH.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Hoje à tarde a Elizabeth voltou sozinha pra casinha dos passarinhos.
Pode parecer que isso não é nada demais, mas é. Afinal, a casinha fica
no escritório do Caetano. Elizabethzinha estava aqui na sala. Ela e
Philip no meu ombro, eu no computador.
Às vezes, quando a configuração é essa, eles pulam do meu ombro pro chão
e vão brincar de esconde-esconde comigo. Enfiam-se embaixo das poltronas
e dos sofás e, se tento pegá-los, eles correm pra debaixo de qualquer
outro móvel ou se camuflam entre as plantas aqui das salas. Nesse caso,
pacientemente espero. Dali a pouco um deles está empoleirado nos pés da
minha cadeira do computador ou ciscando o tapete do meu escritório. Aí,
me abaixo e eles voltam para o meu ombro.
Hoje só a Elizabeth voou do meu ombro pro chão e foi se esconder embaixo
da mesa de centro da sala. Com Philip ainda no ombro, fui até a cozinha
fazer alguma coisa. Quando voltei, chamei por ela. Nada. Olhei sob os
móveis... nada! Assim, resolvi levar o Philip de volta à casinha (eles
costumam pular do meu ombro para o teto da casa) para poder vir "caçar"
a Elizabeth com mais tranquilidade.
Mas... surprise! Quando entro no escritório do Caetano, lá está ela,
Elizabeth, majestosamente empoleirada dentro da gaiolinha... Meu Deus!
Ela sabe o caminho! É longe, pra um passarinho tão pequeninho assim, da
sala até a casinha. Tem várias encruzilhadas: a porta da cozinha, a
porta do banheiro, o corredor, a porta do nosso quarto... Mas ela sabe o
caminho! Eita, bichinho esperto!
Eles ainda são baby birds. Têm pouco mais de 3 meses de idade. Não voam
além de alguns centímetros de altura. Para alcançar a casinha, quando
estão no chão do escritório, sobem pelos tripés de sustentação de alguma
planta (há várias lá), chegam ao vaso, pulam para a Belladona (o mais
próximo da casa deles) e então dão pequenos vôos até a porta da casinha.
"Escalam" as grades da gaiolinha e vão para um dos puleiros. São muito
lindos! Lindos demais esses periquitos australianos! E vivem me
surpreendendo.
Só fazem o que querem. Depois das seis da tarde é difícil tirá-los da
casinha. Estendo a mão e, ao invés de subirem pelo meu braço para se
instalar no meu ombro, eles me atacam! Bicam, furiosos, como quem diz:
"agora não queremos sair de casa!"
Mas, de manhã, quando acordo, a primeira coisa que fazem é vir, os dois,
para o meu ombro. Ligo o computer do Caetano (onde rola, dia e noite, a
proteção de tela com mais de 1200 fotos do meu amor), faço a cama, vou
pra cozinha fazer café, tudo com eles no ombro. Também ficam no meu
ombro enquanto faço a minha bike.
Depois vou pro chuveiro e eles, pro teto da casinha.
Quando estou ocupada demais no computador, mais tarde, e me esqueço de
ir lá pegá-los, eles simplesmente vêm atrás de mim. Se estou aqui, no
meu escritório, eles vem bicar os meus sapatos e os pego. Se estou na
cozinha, vão na cozinha. Eles vão aonde eu estiver! Muito espertos!
Quando o Philip ainda estava sem essa Elizabeth (é a III, as duas
primeiras simplesmente morreram!!!), um dia acordei e ele não estava na
gaiolinha. Saí procurando pelo apartamento. Gritando: Philip! Philip! --
e ele começou a piar. Fui seguindo o som até a área de serviço e o
encontrei... dentro do cesto de roupa suja! Talvez o meu cheiro... Nessa
época ele costumava ir me acordar. Pulava da casinha e entrava no meu
quarto, ficava piando do lado da cama até eu acordar e colocá-lo no meu
ombro. Agora ele não faz mais isso. Tem companhia...
São dois serzinhos maravilhosos que alegram o meu dia e preenchem a
minha solidão. Obrigada, meu Deus!
Quinta-feira, 05 de janeiro de 2023 15h00
O ANDAR É PARA A
FRENTE.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Quando o Lula venceu as eleições (vitória apertada, mas vitória!), um
dos funcionários aqui do prédio me disse:
-- Dona Isabel, nós vamos parar o Brasil!
Ele estava se referindo aos movimentos de desobediência civil e
desrespeito democrático à vontade soberana do povo, (aquele negócio
estúpido de bloquear rodovias) fomentados pela mesma direita radical (e
meio burra) que infernizou a nossa vida durante os últimos 4 anos.
Pensei: É bom parar o Brasil mesmo, porque há 6 anos que ele só vem
andando para trás. Pára, Brasil! Comece a andar para a frente, afinal!
Mas o Brasil, por fim, não parou. E arrancou, cantando pneus, à toda,
rumo ao retorno da Paz, da alegria, da esperança, da igualdade.
Mesmo assim, aprendemos que essa direita é poderosa. Não acredito que
quase metade do país preferisse que continuássemos na escuridão dos
últimos quatro anos.
Acredito, sim, que grande parte dos votos dados ao nosso ex, devam-se a
uma quase inacreditável rejeição a Lula. E digo que essa direita é
poderosa porque conseguiu dar o golpe na Dilma (não gosto dela,
esclareço, mas ela era a nossa presidente eleita legitimamente e foi,
sim, vítima da primeira ponta do iceberg das mentiras que veio à tona
nos anos seguintes, com sua baixa temperatura e uma tremenda cara de
pau). O problema é que gostamos de ser enganados.
Gostamos tanto que muita gente do Bem, gente letrada, com diploma na
parede, não só deixou de vacinar os filhos (o que está
ocasionando a volta de doenças já erradicadas) como também acreditou nas
calúnias que difamaram o melhor presidente que o Brasil já teve (e que,
graças aos céus e à maioria do nosso povo, está de novo no poder).
Mas além de gostar de Fake News, parece que muitos de nós também sofrem
de amnésia. Será que esse povo se esqueceu que Lula nos governou por 8
anos e o Brasil não virou Venezuela, os sem teto não invadiram o seu
apartamento, não aconteceu nenhum absurdo desses que os mentirosos
andaram falando nas redes? Aliás, eles falaram coisas que se dizia do
comunismo nos anos 1950! O comunismo morreu e foi enterrado já faz muito
tempo! Além de mentirosos, ultrapassados, estão fora do tempo. Bom,
alguns deles acreditam em terra plana, fazer o que, né?
Como são mentirosos, acham que os cientistas também o são e que a
conquista da lua, em 1969 (1969!) não passou de truque hollywoodiano.
Ai, fiquei cansada desse FEBEAPÁ neurótico que frequentou o noticiário
(verdadeiro, da mídia séria, e não dos malucos ignorantes que grassam
nas redes) nos últimos anos.
Quanto ao nosso ex, pisou de novo na bola! Fugiu pra Disneylândia,
deixando órfãos seus apoiadores que se arriscaram -- indo contra a Lei
-- por amor a ele. Papelão. Cuspiu nos quase 50% que votaram nele e que
constituíam um grande capital político para que ele pudesse tentar
eleger-se novamente numa próxima!
Ao negar-se a passar a faixa, deu ao Lula a chance de brilhar
recebendo-a das mãos de representantes legítimos do nosso povo.
Ao deixar trancados portas de gabinetes e armários no Palácio, portou-se
novamente à altura do que ele realmente é: o menino mimado que tranca e
esconde os brinquedinhos do irmão mais novo que brilhou mais do que ele
na escola.
Ao negar-se a reconhecer a derrota e cumprimentar (como fazem os
derrotados decentes de qualquer país) o vencedor, mostrou, mais uma vez,
que não estava e nunca esteve à altura do cargo para que o Brasil o
elegera (iludido e cheio de esperança, mas elegera!).
Todo esse circo de horrores -- negacionismo, machismo, preconceitos de
etnia e de gênero, gabinete do ódio, ameaças diárias aos legítimos
poderes constituídos e à Democracia, à liberdade de imprensa
(principalmente às jornalistas mulheres), corte de verbas para a cultura
e a educação, desprezo e ironia com relação a uma doença que matou mais
de 600 mil brasileiros, promoção de medicamentos comprovadamente
ineficazes, desprezo pela Ciência, desrespeito à Natureza... -- que
vivemos nos últimos anos, mostra que ainda temos um longo caminho a
percorrer, que ainda somos cheios de arrogância e de intolerância, que
somos também mentirosos e falsos, que estamos distantes das rotas que
conduzem o ser humano à única realidade possível para uma convivência
pacífica e harmoniosa.
Distantes do amor. Distantes da compreensão. Distantes do diálogo.
"All you need is Love" -- cantavam os Beatles nos anos 1960. Faça amor,
não faça a guerra". "Imagine there's no countries, it's easy if you try.
Imagine all the people living life in peace. You may say I'm a dreamer,
but I'm not the only one".
O sonho de John Lennon não acabou. Apesar de tudo o que temos visto no
mundo.
E, no sonho, não estamos sós. Não somos os únicos a sonhar.
Não, meu amigo. O país não parou. Parou, sim, de andar para trás. E
vamos em frente com trabalho, saúde, educação e muito respeito aos que
são diferentes de nós, aos que pensam diferente, aos que vivem
diferente. A diversidade é a essência da riqueza da vida. E, como diria
Nelson Rodrigues, "toda unanimidade é burra". Simples assim.
Pra frente, Brasil!
Quarta-feira, 4 de
janeiro de 2023
20h10
FÉRIAS
Por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Como no ano passado, dou um trato no apartamento. Carlos Cesar Melo
reforma as portas. O ano passado, em janeiro, reformou as janelas. E
assim vamos, deixando em ordem esse maravilhoso apartamento onde tenho o
privilégio de morar.
Jacinta, minha querida diarista, que tanta companhia me faz e tanta
alegria me dá, também esteve aqui hoje. Amanhã, vai, de férias, para a
Bahia, rever seu amado pai, vai com seu maridão e sua linda filhinha,
Emanuele.
Roseli também se foi hoje, numa aventura rodoviária (e temerária) que a
leva ao extremo sul do continente.
Férias. Tempo para ler o último volume de "Game of Thrones", de George
Martin. Leio mais devagar em inglês, mas tenho melhorado.
Férias. Emerson e Du certamente ainda estão na praia, assim como a minha
amada Vera Krausz que, nesse ano, não ficou aqui comigo, só passou por
aqui dias antes do Natal.
Férias. Dias de pouco sol, poucas caminhadas no jardim, poucas fotos.
Mas de muita bike, musculação, ballet, alongamento, equilíbrio.
Férias. Tempo maior para cuidar das plantas, curtir os passarinhos.
Férias. Tempo suficiente para fazer
esse diário, cheio de abobrinhas, escrevendo sem compromisso ou
propósito.
Férias. No fim do dia, os dentes doem porque, de fato, eu os estou
comprimindo, numa tensão que em nada combina com as férias.
Férias. Quando acabarem, estarei louca para voltar à rotina do trabalho
diário. Afinal, é ele, o trabalho -- e não as férias -- quem me salva!
É o trabalho, maravilhoso, são os vídeos do portal, os meus amados
médicos que vêm aqui gravar... São os amigos queridos, os passarinhos,
as plantas e tudo isso com que a vida tem me brindado, que me salvam.
Salvam-me dessa dor inconcebível, incomensurável, que é a sua ausência,
meu amor, Mauro Caetano.
Minha mãe, quando eu era jovem e reclamava da vida, me dizia que era
preciso pensar nos muitos privilégios que eu tinha, num planeta onde o
sofrimento era a regra e não a exceção. "Não posso ser feliz pelo método
comparativo" -- eu respondia a ela, na minha imatura arrogância.
Hoje penso sempre na Ucrânia e no inimaginável sofrimento dos que estão
perdendo suas casas, suas vidas, seus entes queridos, apenas porque um
ditadorzinho metido à importante, decidiu que assim seria.
Penso nas mais de 600 mil famílias brasileiras que perderam seus amados
para a COVID.
Penso no terror dos últimos quatro anos por aqui, quando, a cada dia,
acordávamos com mais uma notícia de estapafúrdias colocações de um
homem, eleito para nos governar e zelar pelo nosso bem estar, mas que só
conseguia fitar o próprio umbigo, um umbigo cheio de armas, de
intolerância, de negacionismo, de desumanidade.
Então penso na esperança.
Férias.
Estou em férias, cheia de esperança (e de alegria) pela volta ao poder
do nosso Lulinha paz-e-amor.
Estou em férias e até consigo, minha Wanda querida, minha amadíssima
mamãe, hoje, ser feliz pelo método comparativo.
Mas meus dentes doem.
Terça-feira,
3 de janeiro de 2023
21h00
ERA UM GAROTO, QUE COMO EU,
AMAVA O RÁDIO E A TELEVISÃO.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Década de 1960 acabando. A televisão reinava como o mais moderno, ainda
em preto e branco, meio de comunicação.
O menino Marcos tinha um sonho. Queria trabalhar na TV. Mas nem tinha
completado seus 15 anos de idade. Queria. Por isso resolveu ir, depois
da escola, à sede da TV Tupi e ficar plantado à entrada. Esperando que
alguma coisa acontecesse. O que?
Todas as tardes, aquela garoto estava ali, via entrarem no prédio
técnicos, homens engravatados e até alguns artistas. Sorria, seu sorriso
mais simpático e aliciante. Cumprimentava.
E foram tantas tardes que, numa delas, um dos diretores da emissora foi
falar com ele:
-- Garoto, eu vejo você aqui, há muito tempo, sempre sorrindo, sempre
cumprimentando a gente... Por que?
-- Quero trabalhar na TV -- respondeu simplesmente, assim na lata, o
menino Marcos.
-- Está bem -- disse o diretor -- Venha comigo, vamos entrar, vamos ver
o que é possível arranjar para você.
Então, dessa forma, Marcos Volpi entrou na TV pela porta da frente e
conduzido por um membro da Diretoria.
Na Tupi, foi aprendendo tudo sobre a arte de fazer televisão.
No começo dos anos 1980, fazia figuração em novelas famosas, produzidas
pela TV Bandeirantes. Foi fazendo amizades com os atores, diretores, com
todos. Volpi sempre teve uma tremenda capacidade de comunicação, muita
simpatia, bons ouvidos, excelente educação social e todo mundo acaba
gostando muito dele.
Trabalhou como ator na antológica novela "Os Imigrantes".
Mas a TV é assim mesmo: um dia você tem trabalho, tem papel, tem
programa, no outro dia já não tem nada.
Nessas fases "sem TV", Volpi se virava. Foi gerente de grandes casas
noturnas em São Paulo. Foi até camelô na Av. Paulista.
Em 1994, foi trabalhar na recém-inaugurada Rede Mulher de Televisão.
Como produtor de um sujeito de português faltoso (como diria Bolívar
Lamounier) que, porque era marido de uma das apresentadoras do
considerado "carro-chefe" da emissora, conseguiu um espaço para fazer um
programa de rock. O sujeito não sabia nada de rock, assim como pouco
sabia da sua língua pátria, mas, por sua condição, lá foi ele, botando a
cara no ar. Por trás, o Volpi, que era seu produtor. Era o Volpi quem
gerava todo o conteúdo, além das imagens relativas, ao programa. Volpi
já se tornara, então, um expert em história do rock no mundo.
Meu irmão Alvan e eu estávamos na Rede Mulher desde o dia de sua
inauguração (8 de agosto de 1994) e onde trabalhei até 2007, quando o
canal (então sob a batuta dos pastores da Igreja Universal) foi
transformado de Rede Mulher em "Record News" e simplesmente desapareceu.
Essa maravilhosa TV, a Rede Mulher, fôra criada pela família Montoro, de
Araraquara, onde tinham uma rede de TV afiliada a Rede Manchete (hoje
Rede TV). Mas, em 1994, o governo ameaçava tirar-lhes a concessão do
canal 42UHF na cidade de São Paulo, caso eles não o pusessem no ar. Ora,
os Montoro tinham tido, nos anos 1970, uma rádio AM muito famosa: a
Rádio Mulher, que abrigava grandes nomes femininos da mídia, então nada
simpáticas à Ditadura Militar, como Hebe Camargo, Cidinha Campos,
Claudette Troiano, Xênia e outras. Natural que, para a sua TV em Sampa,
escolhessem fazer uma Rede Mulher.
Como já disse, meu irmão Alvan e eu estreamos junto com a Rede. Eu, ao
vivo, produzindo e apresentando o meu programa Condição de Mulher, e
produzindo mais dois: Junta Médica e Med Sport (então apresentado pelo
meu grande amigo cardiologista, Dr. Nabil Ghorayeb). Alvan dirigia os
três programas.
Alvan (que já fôra um dos braços direitos do Boni, na Globo) e Volpi
logo se tornaram amigos. O amor à TV os unia. Varavam, os dois, a
madrugada, ligados no computer do Alvan, na casa dele, primeiro na nossa
velha casa e depois, quando minha mãe e Alvan se mudaram pra um
apartamento aqui no nosso prédio, no boteco da calçada em frente, até
que o dono começasse a empilhar as cadeiras sobre as mesas... numa
expulsão branca aos dois clientes incansáveis.
Tinha sido Alvan o responsável por um quadro, apresentado por Mr. Volpi,
no meu programa. Ele falava da mulher no rock. Fez esse quadro, comigo,
por muitos anos. E eu também participei de inúmeros programas que ele
teve, em rádios e TVs. Estivemos juntos ainda, com nossos programas
próprios, na allTV, a primeira TV por Internet.
Amigo do Alvan, foi ficando também nosso amigo, Mauro Caetano e eu.
Vinha às nossas festas, frequentava normalmente a nossa casa.
Caetano, inclusive, desenvolveu pelo Volpi um afeto quase paternal.
Preparava lanches para ele, nos dias de gravação de vídeos, com carinho
e capricho na feitura dos sanduíches. Eram amigos, longas conversas,
muitos jantares e muitos natais. Até hoje, Volpi passa a véspera de
Natal aqui em casa e réveillon também, como aconteceu ao longo de todas
essas duas décadas do século XXI. Também está presente em todos os
lançamentos dos meus livros, desde o ano 2000.
Volpi -- assim como Joaquim Carlos Ruivo -- foi um dos que mais fez pelo
bem estar do Caetano durante a sua trágica doença que acabou levando-o à
morte.
Há anos, Volpi é o câmera dos nossos vídeos médicos para o Portal
SAÚDE&LIVROS. E é o "fotógrafo oficial" das nossas tantas festas.
Depois da morte do Caetano, os porteiros do prédio pensavam que ele
fosse uma espécie de "substituto do Caetano" para mim. Ledo engano.
Somos amigos. Muito amigos. E não amantes, até porque Volpi é
homossexual e tem os seus parceiros na vida.
Tive que dar uma dura nos porteiros: " O Volpi não é meu amante, não é
meu irmão, ele é o meu melhor amigo!"
E ele é mesmo, embora tenha puxado a sardinha pro nosso ex-presidente,
acreditando nas mentiras que grassaram soltas sobre o nosso atual
Presidente Lula, que eu amo de paixão.
Não há nada, nem mesmo as divergências políticas, que possam, hoje em
dia, abalar a grande amizade que nos une, Volpi e eu.
É uma longa e maravilhosa amizade, confiança, amor mesmo, sinceridade.
Volpi tem hoje uma rádio (de rock) na Internet que tem a barbaridade de
mais de 450 mil ouvintes, inclusive internacionais.
O sucesso dele me alegra.
A existência dele me alegra.
Obrigada, queridíssimo amigo, por estar em minha vida!
2022, maio, 16 -
Lançamento do meu livro "Todas as Mulheres São Bruxas III", com Chris
Donizetti, a editora, o jornalista Claudio e eu.
2022, dezembro, 24 - Natal - Com
Philip na Janela da Paulista
Terça-feira,
03 de janeiro de 2023
8h05
REENCONTRO NO
JARDIM
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Caminhando (e fotografando) no nosso maravilhoso jardim, de repente me
flagrei olhando para a janela do apartamento da Roseli Zampirolli e do
Nathan Berkovits.
Então pensei que a vida tem
tempo certo para tudo.
Nathan e Roseli vieram morar aqui no nosso condomínio em 2004. Caetano e
eu estávamos aqui desde 1985. Em 2009, fizemos uma festa aberta a todos
os condôminos, o segundo lançamento do meu livro "O Fantasma da
Paulista", em sua primeira edição. Estavam quase todos ali, menos a
Roseli e o Nathan. Por que?
Foi só em 2021, em plena pandemia, que eu, caminhando pelo jardim, me
deparei com aquela moça, a Roseli, sentada num banco, lendo um livro.
Baixou algo na minha cabeça. Algo forte. E me aproximei dela, pedi
licença e disse:
-- Estou vendo que você gosta de ler. Eu sou escritora. Você me daria a
honra de ler um livro meu?
Vim ao apartamento, peguei um exemplar de "O Fantasma da Paulista",
então segunda edição, e dei para ela.
Alguns dias depois, ela estava aqui em casa e levou muitos livros meus
para ler. Mauro Caetano ainda estava conosco, mas estava doente e eu não
o apresentei a ela.
Logo depois, Caetano morreu. Roseli esteve aqui, com sua irmã, Suely,
que também virara fã dos meus livros. Foi no dia 9 de outubro de 2021.
74 dias depois da morte dele.
Fomos nos aproximando, Roseli e eu. E ela acabou me contratando para
escrever-lhe a biografia. Coisa que estamos fazendo até hoje e que nos
aproximou ainda mais, consolidando a amizade e o carinho que
instantaneamente se estabeleceram entre nós.
Roseli é professora na rede municipal e trabalhava com crianças
pequenas, fazendo questão de ensinar-lhes a beleza e o processo da
geração da vida, através das plantas, da culinária, da reprodução e da
transformação. Digo "trabalhava" porque, desde o final do ano passado,
ela foi guinada a um cargo administrativo e muito importante na
Secretaria da Educação.
Também virou câmera... É que eu descobri, pelas fotos que ela fazia, que
Roseli tem o dom do olhar correto através das lentes e a convidei para
vir -- sempre alternando com Mr. Volpi -- fazer câmera em nossos vídeos
médicos para o Portal SAÚDE&LIVROS -isabelvasconcellos.com.br - e
ela aceitou!
Em 17 de dezembro de 2021 eu tive o meu piripaque cardíaco. Roseli foi
ficar comigo no hospital, passava a noite lá e saía direto pro trabalho.
Elza Siviero– outra vizinha querida – ficava comigo durante o dia. Foram
os amigos do condomínio os que estiveram sempre presentes nessa minha
estadia hospitalar: Carmelo, Tânia Miura e Marcos Garuti e Emerson
Lisboa. Foi Emerson que me acompanhou no translado (de ambulância) da
Maestro Cardim ao Morumbi (Hospital Dubai) e quem assinou a papelada
burocrática necessária para poderem realizar a minha cirurgia – Olha só
a enfermeira do centro cirúrgico: “Não posso permitir a operação dessa
senhora!” –eu – Por que? “Porque ela não tem familiares” – ai!!! Quem
não tem família não tem direito a ter sua vida salva! Mas tinha o
Emerson, mais amigo do que alguns dos muitos dos poucos parentes que me
restam. Quando tive alta, com Roseli me acompanhando, foi Emerson quem
foi nos buscar no hospital.
É verdade que a minha prima Vera Krausz, que mora no Rio de Janeiro e
estava descansando na casa da irmã, Beth, no Boqueirão da Praia Grande,
queria vir para São Paulo para acompanhar a colocação do meu marcapasso
cardíaco. Vera é enfermeira pela USP e psicóloga. Não concordei. Iria
atrapalhar as férias (pra lá de merecidas) da minha prima amada, sem
real necessidade. A outra irmã dela, Mônica Krausz, esteve lá, com seu
maridão, Manoel Ochoa.
Já disse aqui que fiz maravilhosas amizades entre os nossos vizinhos,
depois da morte do Caetano. Quando ele morreu, nós morávamos aqui havia
36 anos, quase 37. Hoje são 38.
Nessas quase quatro décadas, porém, a nossa vida tinha um ritmo muito
diferente, sempre com muito trabalho, eu na TV ao vivo, ele na Brahma,
essas coisas.
Mesmo assim, parece muito estranho que Roseli more aqui desde 2004 e que
tenhamos levado 17 anos para nos conhecer. Como nos escondemos assim,
por tanto tempo, uma da outra?
Certamente nos conhecemos muito antes. Certamente em vidas passadas
nossas almas já estavam unidas.
Alguns dos meus novos amigos, que também têm Janelas da Paulista,
poderiam, por sua idade, ser meus filhos. Roseli tem 52. Emerson, 40 e
alguma coisa, ou nem 40 ainda, não sei. Du, pouco mais de 30. Miranda e
Sol estão no meio dos 30. Amo todos eles.
E sou muito feliz, e grata, por isso.
Roseli não conheceu o Caetano, afinal. Mesmo assim, há uns meses
passados, sonhou com ele. Disse que já vira tantas fotos e vídeos dele
que era como se o conhecesse. No sonho, ele dizia a ela que os grandes
pássaros, predadores, são poderosos, mas são os pequenos passarinhos, as
suas presas, que dão beleza aos jardins.
Hoje, Philip e Elizabeth, meus periquitos australianos, dão alegria a
mim e beleza ao meu jardim de apartamento. Assim como também o ilumina a
presença da minha amada Roseli. Obrigada, querida!
Sábado, 31 de dezembro de
2022 – 10h30am
NO CÉU
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Amanheço com a notícia de mais uma morte em 2022: a do Papa Emérito
Bento XVI e, imediatamente, imagino que, lá no céu, o meu amor Mauro
Caetano terá altas discussões teológicas com ele -- em alemão, língua
nata de Sua Eminência e na qual Caetano é fluente.
Caetano adorava as discussões intelectuais e veja só que maravilhosa
oportunidade de discutir teologia, ali, pertinho de Deus, com tal
autoridade na matéria!
Rio, apesar das lágrimas por tantas perdas em 2022, inclusos Pelé,
Elizabeth II, Gal, Erasmo, Ligia, Nelida, Godard... e tantos eminentes
artistas, escritores, cientistas, pensadores, políticos, cineastas que
nos deixaram nesse ano.
Rio, me espreguiço, alongo os gambitos e as garras, levanto-me.
Primeira coisa da iniciante manhã: dar bom dia aos passarinhos e ligar o
monitor do computer no escritório do Caetano. A foto que aparece, então,
na proteção de tela, entre 1200 imagens, é exatamente a do Caetano,
papeando na calçada, com o Padre Prefeito do Seminário de Pirapora do
Bom Jesus. Coincidências não existem. São os recados que a vida nos
manda...
À beira do meu 72. ano de vida, listo, assim, meus mortos: Wanda,
Alfredo, Alvan, Alfredinho, família nuclear. Grandes e queridos amigos
como Pedro Paulo Hathayer, Milton e Leda Galotti Cunha. Meu
insubstituível amor, Mauro Caetano. E tantas, tantas perdas importantes
nesse 2022, na política, nas artes, na cultura em geral.
Que todos eles estejam melhor do que nós!
E que nós todos fiquemos melhor do que estamos, em 2022, nesse 2023 que
surge, no Brasil, como o sol, entre nuvens, depois de um grande tempo
chuvoso, escuro e triste.
O pesadelo se foi. Agradeço a Deus e espero, vivendo alegre e
pacientemente, o dia da minha própria partida, quando talvez possa me
reencontrar com tantos amores perdidos.
Feliz Ano Novo, meus queridos amigos, e a todos.
Mauro e eu no Reveillon de
1994, em Campos do Jordão, Toriba Hotel
Sexta-feira, 30 de dezembro de 2022 21h00
JOAQUIM CARLOS, AMIZADE POR TODA A VIDA.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Hoje à tarde meu primo Joaquim Carlos Ruivo veio aqui me ver. Trouxe uma
maravilhosa orquídea cor de maravilha e mais um panetone.
Joaquim é presença querida e constante na vida, como foi também na minha
vida com o meu amor, Mauro Caetano. Inclusive, ele me ajudou muito na
doença do Caetano, estava sempre presente e atuante, como esteve também
em todas as nossas festas e comemorações. Aquela história: na alegria e
na dor!
Eu o conheci quando nasci. Ele nascera 9 anos antes de mim. Filho de
Aparecida e Elias de Almeida Ruivo. O pai dele era irmão do padrasto da
minha mãe, Wanda. Padrasto esse que Wanda sempre teve como pai. Mas,
assim sendo, não somos parentes biológicos e, sim, por afinidade. E que
afinidade!
Crianças, passamos inúmeros natais juntos, aniversários, tudo!
Criança, aprendi a amar profundamente Joaquim e seu irmão, o saudoso Zé
Elias. Fomos sempre irmãos, nós três.
Assim, Joaquim é uma figura de fundamental importância na minha vida e
nós nos amamos de verdade! Percebo que o seu companheiro, hoje, Damião,
tem até um pouco de ciúmes de mim, da importância que temos, Joaquim e
eu, um na vida do outro.
Joaquim vai fazer 80 anos nesse 2023. Parece 60! Ele sempre se cuidou.
Profissionalmente bem sucedido, foi diretor na Secretaría de Agricultura
do Estado de S.Paulo, hoje aposentado.
Estava comigo -- e não poderia ser de outra forma -- quando meu amor,
Mauro Caetano, morreu, em 27 de julho de 2021. Me trouxe do hospital
para que eu realizasse as formalidades da morte, esperou, me levou de
volta ao hospital para mais formalidades, reconhecimento do corpo, essas
coisas. Veio me buscar, para a cremação, no dia seguinte. Antes, levava
o Caetano à fisioterapia, para me ajudar. Eram amigos, Caetano e ele.
Joaquim passou muitos réveillons aqui em casa, como passara muitos
natais na casa de meus pais, nos anos 1950, 1960, 1970...
Esteve sempre presente, amigo querido. Está nos lançamentos dos meus
livros, sempre me prestigiando. Sabedor do meu amor pelas plantas, vive
me trazendo maravilhosas orquídeas.
Habita o meu coração, meu amado primo, a quem devo tanto!
Gente assim é que dá sentido às nossas vidas na Terra.
Muito obrigada, querido Joaquim, por sua presença, sempre na minha vida.
Te amo muito. E te agradeço por tudo o que você faz e fez por mim!
Joaquim Carlos Ruivo
Obrigado prima querida, me fez chorar logo pela manhã com suas lindas
palavras, quero que saiba que tenho muito amor por você e que estaremos
juntos por toda nossa vida. Um grande beijo do seu primo Joaquim
2022, novembro, 18,
Livraria Martins Fontes, Laçto "Uma História de Amor e TV"
2022, dezembro, 30 - na
Janela da Paulista, com Philip e a orquídea maravilha.
Quinta-feira, 29 de dezembro de 2022 – 15h00
O NOME DA COISA
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Desde muito antigamente eu ponho nome em tudo.
Meus primeiros automóveis se chamavam:
- Glória (inspirado no slogan do Leite Glória, em pó, que era "dissolve
sem bater", afinal, era um Gordini),
- Minduim (um fuska 1973, bege escuro da cor do amendoim, mas que
remetia ao personagem dos comics)
- e o seguinte, um fuska, 1975, Passoca (que é o que se faz do amendoim,
paçoca) -- Esse último com direito a chaveiro de prata com seu nome
gravado.
Depois disso, sinceramente, não me lembro. Algumas plantas também tinham
nomes, mas, hoje, com 106 vasos, eu teria que fazer uma planilha no
excel com a localização de cada uma e seus respectivos nomes... haha...
No entanto, as duas majestosas samambaias (uma de metro e outra,
amazônica), que vivem sobre a estante de livros às esquerda da minha
mesa de trabalho, chamam-se, respectivamente,
- Odete (em homenagem à atriz Odete Lara, que participou de um filme de
cinema aqui no Pauliceia, em 1959, com nosso saudoso amigo Pedro Paulo
Hatayer, à época também ator) e
- Bibi (por causa Bibi Ferreira, que, como a samambaia amazônica, era
simplesmente majestosa).
Em 1969, ganhei uma cachorrinha que meu namorado trouxe da Campos do
Jordão. Chamei-a Julieta, em homenagem a uma maravilhosa professora de
biologia que eu tivera no Alberto Conte.
Julieta virou uma cachorrona, enorme, preta, assustadora, por seu porte
e por suas patas que eram quase do tamanho das minhas mãos. Mas era
boba, mansinha, toda ternura. Uma excelente companheira para mim e para
meus pais, Alfredo ( o Velho Vasco) e Wanda. Teve várias crias, cujos
filhotes foram devidamente distribuídos pela vizinhança. Mas, numa
dessas crias, uma cachorrinha pequena tinha problemas nos ossos. Meu pai
a levou à USP, na veterinária, e ela ficou conosco enquanto se tratava.
Demorou uns dois meses, o tratamento. Depois disso, ninguém queria que
ela fosse embora... Já estávamos todos apaixonados por ela. Meu pai
chamou-a "Macaquinha" porque ela repetia exatamente os movimentos e os
gestos de sua mãe, Julieta.
O último carro que eu tive (hoje desisti de tê-los) era branco,
importado, pequeno, quatro portas, um Ford. Porque era branco, pensei em
chama-lo de Enterprise, a nave da série de TV Startrek. Mas acabou
ficando Piccard, mesmo, o nome do Capitão da Enterprise, na Next
Generation.
Pra combinar, chamei o carro (preto) do Mauro Caetano de Kirk. James
Tiberius Kirk, o primeiro capitão da Enterprise na série clássica de
Jornada nas Estrelas. Também era um Ford, Focus Hatch. Sempre gostamos
de Ford nessa casa. Eram macios. E sempre gostamos dos Startreks.
Mas estou escrevendo toda essa xaropada apenas porque, dia desses, falei
sobre a minha mesa de trabalho, essa onde estou agora, que foi do meu
pai, escrivaninha nos anos 1940 e hangar de aeromodelo a partir dos
1970. Ela está comigo desde 2003, foi reformada, já está meio desbotada,
e eu simplesmente a amo!
Mas... percebi... ela não tem nome! Como assim? Como foi que nunca dei
nome a essa mesa que me acompanha há tanto tempo? Então, hoje, em
homenagem ao meu pai, batizei-a.
Você, que tem a paciência necessária para ler o que escrevo, sabe que os
nossos passarinhos se chamam Philip e Elizabeth por causa dos monarcas
britânicos, de quem sempre fui ardorosa fã. Sou uma monarquista
convicta.
Essa coisa, no entanto, de dar nome próprio aos objetos é uma simples
extrapolação do hábito que nós, humanos, temos, de dar nome aos nossos
pets. Personaliza-se o que é material. Humaniza-se o objeto do qual
gostamos.
Meus computadores, por exemplo, todos eles, desde o primeiro, 1989,
chamam-se Xodó. Já estou no Xodó VIII. Gilberto Gil: "Que falta me faz
um xodó".
Os celulares, Xodozinhos. Mas juro que não sei mais que número tem o meu
Xodozinho atual. Perdi a conta.
Dar nome aos objetos acaba criando umas situações engraçadas.
-- Já vou, amorzinho! Agora estou molhando a Odete.
-- Será que acabei deixando meu sueter azul no Picard?
-- Tô indo trocar o óleo do Kirk.
-- Mas hoje não era o dia do Rui vir reformatar o Xodó?
-- Ah, esqueci o xodozinho no banheiro.
-- Vou lavar o Kirk hoje, por fora e por dentro.
E por aí vai.
Dar nome aos objetos, assim como os dar aos pets, é um hábito apenas de
quem tem tempo. Tempo para curtir e apreciar as coisas simples da vida.
Infelizmente, cada vez mais, desde criancinhas, todos têm agendas
lotadas. Cada hora do dia é preenchida por uma atividade diferente e,
pior, obrigatória. Cada momento é um compromisso.
Mas assim como os psiquiatras e psicólogos, educadores e pedagogos,
alertam para que os pais deixem algum tempo para as crianças
simplesmente brincarem, em vez de embuchá-las de obrigações, os adultos
também precisam de tempo para, simplesmente, contemplar a vida.
Fim de semana e férias, por exemplo, foram feitos pra isso: pra
descansar das obrigações, para relaxar, para fazer o que nos der na
telha e pronto!
Em vez disso, criamos agendas também para o que seriam momentos de puro
lazer.
Depois de uma dessas excursões internacionais organizadas por agências,
por exemplo, saímos das férias precisando tirar férias para descansar
das férias! Ora! Que porcaria! É o fim de semana no clube, no almoço, no
shooping... Todo mundo está se esquecendo do prazer de não ter nada para
fazer e, por isso mesmo, fazer o que quiser.
Eu, por exemplo, descanso escrevendo.
E é uma delícia quando não é por obrigação. (Embora também seja muito
bom escrever por obrigação).
Mas estamos, hoje, tão habituados a seguir as agendas que, para muitos a
perspectiva de uma "tarde livre" parece absurda.
No entanto, é em nossas horas livres que podemos simplesmente contemplar
a vida e nos ater a aqueles detalhes que, na correria do cotidiano, não
vemos.
Acredite: é apenas pela contemplação pura e simples que seremos capazes
de dar nome aos bois, na vida. Ou teremos, conosco, apenas uma anônima
boiada, sem sentido, sem razão, sem nada. É o vazio do desapego, o vazio
do desamor.
É claro que o atuar, o realizar, o lutar... tudo isso é fundamental. Mas
fomos criados também para contemplar.
É da contemplação que nasce o apego e o amor, pelas coisas, pelos
objetos, pelas pessoas.
Por isso, quando amamos, nomeamos. Chamamos os nossos amados parceiros
por apelidos carinhosos: meu fofinho, meu gatinho, meu benzinho... Não
é?
E é porque amo, porque tenho apego, não apenas aos amigos, aos amores,
mas também às coisas, aos pets, aos objetos, que vivo dando um nome a
cada coisa.
Minha câmera não se chama Canon Rebel EOS SL 3. Ela se chama Chris,
porque foi um presente de Deus na minha vida, como Jesus Christo foi um
dos presentes de Deus à humanidade. Como eu, ela contempla!
Agora minha mesa de trabalho também tem nome. O nome dela -- e não
poderia mesmo ser outro -- é Vasco.
Quarta-feira, 28 de dezembro de 2022 22h30
BRINQUEDINHOS E OBJETOS DE DECORAÇÃO
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Meu dia -- férias! -- hoje foi das plantas. Quem mantém, como eu, 106
vasos dentro do apartamento, não pode pensar que basta apenas molhar as
bonitinhas e pronto. Não. Muito mais. Além de adubar, passar os devidos
mata-pragas (e são 4 tipos diferentes de produtos) quando elas estão
sofrendo, é preciso também remover folhas e flores que já morreram e, de
vez em quando, trocar a belezoca de vaso ou revolver a terra... enfim!
Uma trabalheira maravilhosa e gratificante.
É, sim, gratificante. Pois assim que você acaba de dar um trato numa
plantinha ela fica toda tesuda, levantadinha, viçosa mesmo, que é o
jeito que ela tem de sorrir para você... Linda!
Mas agora existem também outros seres vivos aqui na Janela da Paulista.
Ah, claro, vocês sabem que estou falando do Philip e da Elizabeth, meus
adoráveis periquitos australianos que passam metade dos dias
empoleirados no meu ombro, fazendo cocozinhos na minha mesa de trabalho
(aquela mesma!) e serelepando entre vasos, globos, agendas de papel (a
de 2023 já está meio desbeiçada de tanto eles bicarem a coitada!). Morro
de rir das brincadeiras deles e eles me trazem muito alegria. Mas, todas
as manhãs, faxina brava na casinha deles (que fica no escritório do
Caetano) e no entorno dela. O chão cheio de casquinhas de sementes que
eles devoraram durante o dia e pela manhã... Tão lindos!
Tem quem não saiba que plantas e pets são nossos irmãos, partilham da
mesma grande alma que habita o Universo e da qual também somos parte.
Tem quem trate os animaizinhos como se estes fossem nada mais que
brinquedos e, quando os "brinquedos" começam a exigir atenção e
cuidados, esses seres semi-humanos os abandonam em alguma rua bem
distante ou, pior, acabam com eles. Bom, o abandono é pior do que a
morte. O bichinho se apega a quem cuida dele, cria vínculo, amor mesmo
e, de repente, se vê sozinho e perdido em algum lugar distante e
desconhecido... É uma grande tristeza! Quem faz isso com os animais,
sofrerá algum abandono igual nessa ou numa próxima vida. Pode crer. É a
lei do Bate-e-Volta que permeia os nossos destinos.
Tem quem pense que plantas não são seres vivos, apenas objetos de
decoração. Tenho muitos vasos de orquídeas, que florescem esplendorosas,
que tirei das latas de lixo aqui do condomínio. É. Latas de lixo, a
gente tem isso aqui porque nossa lixeira não funciona mais. Então, vira
e mexe, eu vejo, lá na garagem, ou nas áreas de serviço, alguma planta
que alguém simplesmente jogou no lixo quando esta deixou de estar bela e
florida. Gente, que horror! Plantas são cíclicas. Florescem, as flores
morrem, algumas folhas secam e elas precisam de você para que voltem a
ser belas. Precisam de cuidados e de... carinho! Ah, e também gostam de
boa música.
A arrogância humana não tem limites. Nos julgamos muito importantes, os
únicos seres "racionais" sobre o Planeta. Por isso cometemos tantas
crueldades com nossos irmãos da flora e da fauna. Paradoxal e
irracionalmente.
Perceber o Milagre da Vida que ocorre, não apenas em nós, mas também nas
plantas e nos nossos bichinhos, cuidar deles com amor e carinho,
interagindo com eles, é algo muito gratificante! Tudo o que está vivo
carece de amor. E responde ao amor que lhe é dado, com amor também!
Bicho não é brinquedo. Planta não é objeto de decoração.
São exemplos de vida, iguais a nós, em formas diferentes. Sentem, sofrem
e são felizes quando recebem cuidado, atenção e carinho.
Aí, sim, nos fazem também felizes, com suas respostas e reações.
É isso. Uma boa noite a todos.
Terça-feira, 27 de dezembro de 2022 20h30
A BENÇÃO DAS FÉRIAS E A VIRADA DE
ESPERANÇA.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Estou em férias. Hoje passei a tarde inteira escrevendo o final do
Capítulo 16 do livro da Roseli Zampirolli Berkovits. Pra mim, escrever
não é exatamente trabalhar. Talvez seja o que mais gosto de fazer.
No ano passado minhas férias foram interrompidas pelo meu coração
partido (que batia 3 vezes e parava uma, pressão a 25x7), certamente
consequência da morte, então muito recente, do meu amor Mauro Caetano.
Pra ser muito sincera, eu não queria ir pra hospital algum. Por mim,
ficava assim mesmo, o coração partido literalmente pra combinar com o
coração partido figurativamente. No entanto meu grande amigo Dr. Nabil
Ghorayeb me disse que eu estaria correndo o risco de ter um AVC e virar
um vegetal, em cima de uma cama. Em vista de tal perspectiva, bem pior
do que a morte, segui as ordens do eminente cardiologista e me mandei
pra Prevent Senior.
Por acompanhantes, meus grandes e queridos amigos aqui do condomínio:
Roseli Zampirolli, Tânia Miura, Elza Siviero, Emerson Lisboa, Carlos
Carmelo e Bia, que se revezaram me dando apoio e carinho. Também
estiveram na UTI, minha afilhada Mônica Krausz e seu maridão, Manoel
Ochoa e o próprio Nabil.
Entrei no hospital, levada por meu querido taxista, Peter, no dia 17 de
dezembro de 2021, aqui na Maestro Cardim. Fui transferida, dois dias
depois, para o Hospital 10 estrelas do Morumbi, Dubai, onde uma cirurgiã
japonesa e simpática, instalou um marcapasso dentro do meu peito.
Marcapasso cardíaco, esse inventado pelo pai do Nathan Berkovits, marido
da minha amiga Roseli. No dia 21 de dezembro já estava de volta, em
casa. Mas que as férias foram truncadas, isso foram mesmo.
Nesse ano de 2022, espero gozar das minhas férias sem interrupções. Meu
amigo (o melhor amigo do Caetano), Bolivar Cavalcante, me perguntou: --
E o que você vai ficar fazendo nas férias, trancada nesse apartamento?
Ora, curtindo meus passarinhos, lendo os livros que não tive tempo de
ler durante o ano, escrevendo muito (como estou fazendo agora),
caminhando pelo jardim, fotografando pessoas queridas, flores e
pássaros, assistindo meus filmes prediletos na Net Claro e na Net Flix e
jogando muita conversa fora, não só pelas redes sociais, mas também
presencialmente, com amigos que sempre aparecem por aqui.
Sou felizarda. Tenho amigos maravilhosos, que estão sempre por perto,
como a Geralda Cruz, a Karin Esteves e sua filha Lara Esteves de
Oliveira, a Sol, o Miranda, a Tânia G Mauadie Santana, o Rui Garcia
Leal, o Joaquim Carlos Ruivo com seu Damião Barbosa, o Mr. Volpi, é
claro, e outros já citados aqui. Isso sem contar que 106 vasos, grandes
e pequenos, de plantas diversas, me dão um maravilhoso trabalho! É a
minha querida Urban Jungle. Tudo, quase sempre, ouvindo a melhor música.
Agora me diga: tudo isso é ou não a ideia de férias maravilhosas?
Tem quem queira ir para a praia, para Paris ou New York, ou para alguma
estação chique de snowboard, essas coisas. Eu não. Não sou uma pessoa
que gosta de viajar. Nunca gostei. Acho um saco ficar no embarque dos
aeroportos, fazer e desfazer malas nos hotéis, e, na vida, já viajei
muito, muito mesmo, principalmente a trabalho. Viagens domésticas e
internacionais, quase sempre trabalhando, que me deram muito
conhecimento e alegria.
Agora, sou feliz aqui no meu canto, na Janela da Paulista. E, além
disso, é aqui que está o meu amor. Em cada objeto, em cada foto, em cada
lembrança cotidiana e constante da vida sensacional que vivemos juntos,
nós dois.
No próximo sábado, São Silvestre e Réveillon na Janela. Bom demais! O
Emerson e o Du foram viajar esse ano. Já estão na praia. Mas muitos dos
nossos amigos estarão aqui para a Virada da Esperança.
Esperança num Brasil com verbas para a Educação e para a Cultura, sem
incentivo às armas e à intolerância, à homofobia, à negação da Ciência,
ao desamor e à falta de empatia, à violência e ao feminicídio. Sem
destruição da Amazônia. Sem gozação internacional, mas, sim, com
respeito -- de outros líderes políticos do planeta, inclusive -- à
grande figura do Estadista que é nosso Presidente Lula, a despeito de
sua ausência de diploma universitário e de suas origens de pau-de-arara
nordestino. Os esnobes torcem o nariz pra ele, por isso. Mas ele tem 3
diplomas de Presidente da República. Conhece mais alguém com 3 diplomas
desses? Não, né?
Consolo-me, no entanto, pensando que esses quatro anos de absoluta
insensatez governamental serviram para que grande parte do nosso povo
mostrasse a sua verdadeira cara. E para que soubéssemos que nem todos
somos assim tão politicamente corretos, bonzinhos e ecológicos.
Ter tempo para escrever, sem absolutamente nenhum tema, nenhum propósito
e nenhum compromisso, é também uma benção das férias. Se fosse assim o
ano todo, não teria graça. Mas tem, agora. Por isso cá estou eu,
martelando seus ouvidos (olhos) com as minhas bobagens do cotidiano.
Mas, fala a verdade, sem jantar no L'atelier Joel Robuchon, Paris, ou no
Marea, em New York, sem dormir numa cabine do Queen Mary 2, as minhas
férias não são sensacionais?
Estou comigo mesma, embora seja apenas metade de mim, com meus queridos
amigos, com os meus sensacionais passarinhos, Philip e Elizabeth, com
"meus livros e discos e nada mais"... e nem é uma Casa no Campo. Mas uma
Urban Jungle, num vigésimo andar da Avenida Paulista, símbolo da nossa
metrópole e cercada por 5 mil m2 de maravilhosos jardins. Tá bom ou quer
mais?
Boa noite, meus amigos!
Terça-feira, 27 de dezembro de 2022 11h04
POR UM DIA NOVO
Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Tá vendo? Bem que eu disse que hoje seria outro dia.
Na bike, logo cedo, com Philip empoleirado ora na minha cabeça, ora no
meu ombro, fizemos a versão definitiva de Hi Lili Hi Lo.
Gosto da versão de Haroldo Barbosa, mas eu queria uma cuja letra fosse
mais fiel ao conteúdo da letra original. Tinha feito, mas não ficara
satisfeita. Hoje arredondei. Ficou legal e eu e o Philip, mais alegres
que ontem... hahaha...
No
original:
A song of love is a sad song
ficou melhor, agora, assim:
Canção de amor é um só som.
Como hoje acordei bem mais alegre, Philip e Elizabeth saíram de sua
casinha e vieram atrás de mim. Eu, na Bike. Eles, tão lindinhos, dando
pequenos voos rasantes pelo chão do quarto e andando super depressa com
suas patinhas de dinossauro... Lindos demais! É alegria, minha gente! A
alegria das coisas mais simples do cotidiano.
Nos noticiários da TV, em frente à minha bicicleta, porém, tanto na BBC
de Londres quanto na Globo News, muita tristeza: a crueldade da guerra
na Ucrânia, o terrorismo em Brasília, o incremento do feminicídio, o
salto de 25 mil armas, no país, em 2018, para 250 mil em 2022.
Tive um sonho bacana. Lula me perguntava: -- Mas você me ama, Bel? (que
a Janja não nos ouça, né?). Respondi: -- Não. Percebo que nunca mais vou
amar, depois do Mauro Caetano. Mas fico surpresa com o sentimento que
tenho por você, de quase-amor.
Chique, né? Sonhar com o Presidente. Mas ele é quem traz a esperança de
deter a violência que o seu antecessor só fez estimular e premiar.
Violência, armamentismo, intolerância, misoginia, homofobia e
negacionismo. Essa é a herança desse homem que enganou a todos que
votaram nele, acreditando no sujeito bonzinho e incorrupto, coisas que
ele realmente não é. Pelo contrário. Ele é o desamor no poder. E o nosso
Lulinha, o bom velhinho que veio nesse Natal, é, e sempre foi, Paz e
Amor. Independentemente de ter sido caluniado, perseguido e traído até
pelo próprio PT.
A Mentira -- que se apoderou das roupas da Verdade -- ainda corre livre
e solta pelo nosso Brasil. Mas nós, a Turma do Bem, acabaremos
predominando.
Esperança, paz e amor em nossas vidas, 2023! Não desisto nunca. E, por
isso, apesar de qualquer dor, sou feliz.
Bom dia, meus amigos. Bom dia, vocês que pensam ser meus inimigos. Bom
dia a todos os nossos irmãos sobre a Terra. ( inclusos aqui o nosso
quase ex-presidente e a sua turminha de bobões intolerantes).
Bom dia!
Segunda-feira, 26 de dezembro de 2022 21h20
O DIA CHATO, SÃO SILVESTRE E A VELHA MESA.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Dia chato. A semana do Natal foi muito boa, recebi amigos, presentes,
carinho. Mas o dia hoje foi muito chato. Tempo enfarruscado, não fui
caminhar (nem fotografar) no nosso maravilhoso jardim. Estou em férias,
mas, se bobear, me pego trabalhando e preciso descansar para encarar
2023 com a esperança que merecemos, afinal.
Teoricamente, quero parar de fumar. Mas, na prática, não quero não.
Estava tossindo (há décadas não tossia). Em vez de largar o cigarro,
comprei um xarope.
Fiz minha bike, vendo um sensacional documentário na NetFlix, narrado
pelo genial Morgan Freeman, sobre a interligação do Universo com tudo o
que está vivo sobre o nosso Planeta. Gostei. Vivo dizendo isso: o Todo,
minha gente, faz as pequenas chatices da vida perderem o sentido.
Acendo outro cigarro (estourei a cota!), tomo um whisky. Estou, na
verdade, de ressaca emocional do Natal. Nem fiquei muito com o Philip e
com a Elizabeth hoje. Tão lindos. Mas eles se bastam, às vezes saem da
casinha e vêm para onde eu estiver. Hoje nem vieram. Eles sabem que a
mamãe aqui está num dia chato demais.
Não liguei o som, não ouvi música, não assisti a BBC. Só vi, pelo canal
Real, a mensagem do Charles III.
O dia está chato, porque eu estou chata hoje. Os passarinhos percebem e
ficam na deles.
Ontem foi melhor. Editei um vídeo do nosso Natal. Fiquei contente.
Não tem jeito: me divirto assim, editando, escrevendo, trabalhando,
enfim.
Claro que cumpri a rotina: faxina na casinha dos meus baby birds, Bike,
musculação e alongamento. Cuidar da casa, de algumas plantas, lavar
roupa, fazer meu almoço (macarrão sem molho e com dois ovos no
micro-ondas), lavar a louça, essas coisas.
Sábado tem réveillon aqui na Janela e na Paulista. Hoje comecei a ouvir
aquele barulhinho -- tlec-tlec- da montagem das grades de isolamento aí
embaixo, na avenida, e pensei: Ah, vai ter festa esse ano, sim. Mas
depois me lembrei que essa montagem talvez seja apenas para a Corrida de
São Silvestre. Bom, vou olhar no Google pra saber se vai ou não ter
festa na Paulista. (pausa...)
Vai ter sim. Com show da Fafá de Belém, inclusive e de outros artistas
que a minha ignorância idosa desconhece. Menos mal. Fica muito bom aqui
na Janela da Paulista, quando tem festa lá embaixo, na avenida.
É festa o dia todo. Começa com a corrida dos cadeirantes, das mulheres
e, depois, dos homens. Logo cedo, não sei a hora exata. A avenida fica
cheia de gente e de alegria.
E a tradicional Corrida de São Silvestre foi inventada em 1925, pelo
jornalista Casper Líbero, cuja fundação (que inclui a faculdade, as
rádios e a TV Gazeta) é nossa vizinha de prédio. Vai fazer 100 anos
daqui a apenas dois. Da primeira, participaram apenas 48 atletas. Hoje,
são milhares.
Silvestre foi Papa nos anos 300dc. Morreu, após 20 anos à frente da
Igreja, como Pontífice. Foi no reinado de Constantino, o imperador
romano que conseguiu pôr um fim à perseguição aos cristãos. Silvestre
morreu em 31 de dezembro do ano de 335. Não sei o que deu na cabeça do
Cásper Líbero para inventar esse evento, a corrida. Mas foi uma ótima
invenção!
Se bem que eu sinceramente achava melhor quando era à noite, à
meia-noite. A gente via aquela multidão se preparando para a largada,
que era aqui, bem debaixo da nossa Janela da Paulista. Mas, creio que no
final dos anos 1990, ou sei lá eu quando, passaram o evento para de dia,
pra não atrapalhar o Réveillon.
(vou ilustrar esse texto com a foto do meu primo Joaquim Carlos Ruivo,
em 1986, aqui na Janela, com o Caetano e com o irmão da Bete Mendes,
depois deles dois -- Joaquim e Marcos Mendes -- terem participado da
corrida). Nossos réveillons, quando passávamos aqui, eram sempre muito
bons.
O último réveillon do Caetano foi em plena pandemia (2020-2021) e
passamos só nós dois, aqui em casa, mas felizes como sempre. E sem,
claro, festa.
De dentro do lindo porta retrato que ganhei do meu querido amigo
Emerson, meu amor me sorri, aqui sobre a minha mesa de trabalho. É a
foto do réveillon de 2014-2015, que, não sei porque, também passamos só
nós dois. Uma foto tirada no jardim do prédio, por algum sensacional
morador que não sei quem é (mas gostaria muito de saber). É a nossa foto
mais querida pra mim. Está na capa do livro que escrevemos (Uma História
de Amor e TV) e que lancei no último 16 de novembro.
Coloquei o porta-retrato sobre a minha mesa de trabalho. Essa mesa é
legal. Foi escrivaninha no escritório do meu pai, mesmo antes de eu
nascer, nos anos 1940. Depois, semi aposentada, virou a mesa onde ele
fazia seus enormes aeromodelos (avós dos drones) na edícula da nossa
casa antiga, onde também estavam muitas máquinas de imagens, filmes em
16mm e o meu laboratório de foto, muito antes de a gente sonhar com o
digital...
Quando minha mãe se mudou para o nosso prédio, em 2003, eu pedi a mesa a
ela. Mandei reformar, lixar, limpar, escurecer com extrato de nogueira,
troquei os puxadores das gavetas... Já vai fazer 20 anos que essa mesa
me alegra. É bem grande e os passarinhos, quando estou no computador,
descem do meu ombro e ficam passeando por ela, a mesa... Tentam abrir a
minha agenda de papel, roem os cabos da extensão USB, dos celulares, do
globo terrestre iluminado e da lua que muda de cor. Isso quando não voam
para a pequena árvore da felicidade que mantenho ao lado do monitor.
Enfim, a mesa alegra o dia chato.
É a vida. Um dia de sol, outro de nuvens.
Hoje, apenas chato.
Ainda bem que amanhã é outro dia.
Nossa, quanta abobrinha, Bel. Desculpem-me, meus amigos. Num dia chato
até a inspiração vai embora.
Boa noite a todos e obrigada por seus ouvidos (olhos) atentos.
Domingo, 18 de dezembro de 2022
AMAR DE NOVO.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Mauro Caetano
Vivo cantando pros meus passarinhos as duas versões da canção Hi Lili Hi
Lo, em português e em inglês. Já disse que troquei o versinho "o que
passou, passou" por "o que passou, ficou" -- pois, sinceramente,
acredito que tudo fica, nessa vida. E hoje troquei um verso da versão
inglesa "tomorrow I'll probably love again" por
"from now on I will not love again".
Não vejo, sinceramente, como seria possível amar novamente, depois de
ter vivido o grande amor que vivi.
Também já disse que o amor verdadeiro (True Love) existe sim. Eu sei,
porque o vivi. Quem não teve esse privilégio, não acredita.
Revendo The Crown na Netflix, encontro três exemplos desse tipo de amor
e dentro da família real, onde geralmente os casamentos acontecem por
conveniência: Princesa Margaret e Peter Townsend (que se reencontram na
velhice, depois de viverem vidas separadas, também por conveniência, e
ainda se amavam); Rei Charles III e Camila (que acabam se casando, anos
e anos depois de terem se casado com outras pessoas: ele com Diana e ela
com Parker Bowles) e, claro, a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Philip.
Meus periquitos australianos chamam-se Philip e Elizabeth em homenagem a
eles.
No Brasil, já que estou falando em famílias reais, o exemplo vem de o
Conde D'Eu e a Princesa Isabel. O Conde chegou ao nosso país para
casar-se com a irmã de Isabel, mas ele e a princesa acabaram se
apaixonando e pronto!
Então, gente querida, não tem jeito. Se você encontrar a sua alma gêmea,
saiba que esse encontro é definitivo. Para essa e para outras vidas!
Para sempre. E se a morte os separar, não se iluda: não será possível
amar de novo.
Meus pais se amaram assim, por sessenta anos. Foram eles a minha
inspiração para esperar pelo verdadeiro amor (que só encontrei quando já
estava com 32 anos de idade) e não ir me casando com o primeiro bobo que
aparecesse na minha vida (e a apareceram muitos...).
Por isso canto pros meus Philip I e Elizabeth III: " O que passou,
ficou" e "From now on I will not love again".
É isso!
Hi Lili Hi Lili Hi Lo (high-low)
1952, Bronislau Kaper, and lyrics by Helen Deutsch.
A song of love is a sad song
Hi-lili, hi-lili, hi-lo
A song of love is a song of woe
Don't ask me how i know
A song of love is a sad song
For i have loved and it's so
I sit at the window and watch the rain
Hi-lili, hi-lili, hi-lo
Tomorrow, i'll probably love again
(From now on I’ll never be in love again)
Hi-lili, hi-lili, hi-lo
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
2022, Versão por Isabel Fomm
Nos galhos passarinhos cantam
Sua canção de amor
E todos eu a escutar
Meu coração vai se quebrar,
com sua canção de amor.
Canção de amor é um só som
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
Canção de amor é um só som
Só sabe quem amou
Canção de amor é um só som
Amei, por isso é que eu sei.
Na janela a chuva a se derramar
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
Percebo que nunca mais vou amar.
Hil Lili Hil Lili Hi Lo
Hi
Lili Hi Lili Hi Lo
1960, Versão por Haroldo Barbosa
Um passarinho me ensinou
Uma canção feliz
E quando solitário estou
Mais triste do que triste eu sou
Recordo que ele me ensinou
Uma canção que diz:
Eu levo a vida cantando
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
Por isso sempre contente estou
O que passou, passou
(O que passou, ficou)
O mundo gira depressa
E nessas voltas eu vou
Cantando a canção tão feliz que diz
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
Por isso é que sempre contente estou
Hi Lili Hi Lili Hi Lo
Quinta-feira, 15 de
dezembro de 2022 –
12h40
Um Natal Mais Feliz
Por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Lula discursa na
Associação de Catadores, aqui em São Paulo, e eu, vendo tudo pela TV,
choro. Choro de alegria, pela volta, ao poder, da esperança e do amor.
Choro por esse país, que nos últimos 6 anos, teve por governantes os
vencedores de golpes contra o amor, contra a tolerância, contra a
ciência, contra a cultura e pelas armas, pela violência, pela estúpida e
medieval ideia da superioridade dos que são brancos, dos que são ricos,
dos que são (como eu também sou) privilegiados.
As diferenças entre esses poderosos e eu são exatamente a arrogância
(que não tenho) e a convicção (que também não tenho) de sua própria
superioridade. Não somos – por mais títulos acadêmicos e/ou riqueza e
/ou poder que acumulemos – superiores a ninguém!
Nós, seres humanos, e mais tudo o que está vivo sobre o planeta, somos
todos irmãos, somos todos iguais. A morte, em última instância, é quem
nos iguala.
Somos irmãos de todos os seres humanos, sejam eles de que cor forem,
seja qual for seu ideal político, sua convicção religiosa.
Somos irmãos das árvores que derrubamos sem piedade e sem consciência.
Somos irmãos dos animais, vários dos quais à beira da extinção por nossa
péssima e absurda administração dos recursos naturais.
Chega de violência, de intolerância, de ignorância, de negacionismo de
tudo o que a humanidade nos legou por conhecimento e avanço científico e
tecnológico.
Somos nada sem a História da Humanidade, sem reverenciar e sem
reconhecer o quanto custou aos nossos antepassados chegar até aqui.
Pretos, orientais, indígenas, mulheres, homossexuais, muçulmanos,
evangélicos, católicos, machistas, intolerantes, ignorantes,
intelectuais, cientistas, artistas... seja o que formos nós, somos todos
irmãos. E, enquanto não admitirmos a nossa irmandade e a nossa absoluta
interdependência, continuaremos trabalhando para a Guerra.
Chega de guerra, de injustiça social, de desigualdade de oportunidades e
de direitos.
Se pensarmos nos outros, todos, como nossos irmãos, teremos muito mais
compreensão e amor para tocar a vida. E, acredite, a vida sem amor é
apenas uma fedorenta merda que desemboca em desgraça, em agressão, em
infelicidade.
Não viemos ao mundo para ser infelizes. Ao contrário. E tudo começa
dentro de você, de seu coração, de sua consciência. Seja feliz. Você
será feliz se – com a orgulhosa humildade de assumir a sua mortal
condição – abraçar a todos, com amor, compreensão e tolerância.
Alguém já disse tudo isso, muito antes de mim. Alguém que nasceu há mais
de 2 mil anos e, como todos os que lutam pelo amor, foi injustiçado,
incompreendido e pregado numa cruz.
Desçamos nós todos da cruz que criamos, no dia a dia, para nós mesmos.
Tenham todos, meus queridos irmãos, um feliz natal!
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