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Ei! bebês que estão nascendo neste dezembro
(especialmente Tavinho)
 

 

Maria José Silveira
 

Bouguereau (Corte)

Bem-vindos ao mundo!
Esse mundo tão caótico, inseguro, complicado – como, aliás, sempre foi. Nisso o mundo de hoje não difere do mundo de seus antepassados, por mais que alguns achem que sim, esquecendo que o caos, a insegurança e a complexidade sempre acompanharam os passos humanos (já se imaginaram correndo de um dinossauro? Aliás, não de um dinossauro que não conviveram com humanos mas, sei lá, de um mastodonte qualquer?)
 

O que vai ser diferente neste mundo em que hoje estão nascendo é a cada vez maior potencialidade de usar o conhecimento humano acumulado para o bem ou - não tem como escapar - para o mal. A geração de vocês terá que lidar com essas escolhas, como todas as outras gerações lidaram, aliás, inclusive a de seus pais.
Portanto, sim, vocês terão algumas missões importantes pela frente. Mas não se intimidem: todos nós tivemos.
E terão coisas magníficas para lhes ajudar, coisas – essas sim - que nós não tivemos. Uma delas, talvez pequena – e podem até achar graça, mas eu, como escritora, tenho que enfatizar a importância e a beleza disso – é a descoberta de que o ser humano, desde bebezinho, já pode – e deve – o quê?

 

Conhecer os livros.

Livros coloridos, ilustrados, lidos e mostrados pelos adultos, sobretudo seus pais, desde a mais tenra idade – dois meses – vão fazer vocês se familiarizarem com uma linguagem complexa e começar a entender melhor o mundo. Uma parte do arsenal de garantias que eles poderão lhes dar para o futuro.
Isso quem diz não sou eu. É a Academia Americana de Pediatras, e várias outras pesquisas feitas também aqui, que estão acompanhando os bebês e verificando como, com essa simples e prazerosa atitude de escutar histórias desde cedo, brincar com ilustrações e livros, fará diferença para a vida de cada um de vocês.
Vocês vão pegar, sacudir, por na boca, chupar, babar nas primeiras imagens que verão e na linguagem que as acompanham. Vão começar a ouvir a repetição das mesmas palavras e depois de mais outras e outras.

E assim criarão um vínculo afetivo e emocional com o livro, o veículo concreto da linguagem mais complexa e das narrativas, que fazem parte da herança que a humanidade inteira, que antecedeu vocês, lhes deixou.Não se trata, de jeito nenhum, de aprenderem precocemente a ler. Mas de fazer com que convivam com o prazer e as descobertas que o livro traz. Como diz a pediatra americana Pamela High, “O aspecto relacional da rotina com livros é talvez o mais importante. quando a mãe ou o pai lê para o bebê na hora de dormir há uma intimidade que faz a criança associar a linguagem e as imagens impressas com aconchego e alegria. Repito, alegria é importante no processo”.
 

Alegria, eis a palavra chave.
Que seja muito alegre, portanto, e muito feliz a infância e a vida de todos vocês.
Que sejam bem mais capacitados do que nós para enfrentar o que o mundo lhes reserva, e que ele seja – estou aqui para torcer - de muita paz, realizações e amor.