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No Natal, Primeiro Chegam os Anjos.

 

Isabel Fomm de Vasconcellos

 

Porque um livro de Natal

para adultos.

Sempre gostei de Natal. Quando criança o 24 de dezembro era a data mais esperada do ano.

No meu caso, mais até que aniversário porque, na nossa casa, meus pais reuniam a família inteira, tios e primos vindos de outras cidades e estados do Brasil, inclusive. Era literalmente uma festa. *

 

É comum as crianças pensarem que sua família é especial. Tem muito adulto, inclusive, que cresce, mas continua pensando assim. Não demorei muito para descobrir que a minha família era igual a todas as outras e as lembranças de Natal foram perdendo o encanto.

 

Adolescente, me tornei cristã e engajada nos movimentos da esquerda da Igreja Católica. Também não demorei muito a perceber que a igreja é bem diferente da filosofia cristã, que tem uma história sangrenta, de repressão e intolerância. Parece que as igrejas, de um modo geral, se esqueceram de Maria Madalena e da primeira pedra. Então me afastei: a militância cristã perdera o encanto.

 

O Natal em família perdeu o encanto, a militância cristã perdeu o encanto, mas a filosofia cristã continuou encantadora.

 

Por isso, a cada Natal, a partir dos anos 1990, eu escrevo um conto.

 

Um conto que resgate um pouco da alegria de conviver, do amor, da tolerância, do pensamento positivo (ou da Fé) que está transcrita nos documentos que chegaram até hoje, com diversas interpretações, trazendo a palavra do Avatar ou Filho de Deus, ou Extraterrestre, ou Druida, ou qualquer coisa em que se queira acreditar sobre essa figura ímpar que se chamou Jesus Cristo e que, supostamente, nasceu a 25 de dezembro.

 

Supostamente, mas essa é a data que a nossa cultura fixou para ele. E um ser humano com ele merece mesmo ser comemorado.

 

Então eu o coloquei nascendo no meio da resistência à ditadura militar brasileira. Eu o coloquei num planeta de três sóis a que chamei Kavárica, eu o coloquei como um radialista paulistano que se apaixona por uma menina de programa chamada Madalena, eu o coloquei em diversos contextos e situações em cada conto que escrevi, em cada Natal, em quase todos os anos, desde a década passada.

 

Minha editora, Júlia Barany, resolveu que esses 15 contos, juntos, dariam um lindo livro-presente.

Chamamos a artista plástica Suely Pinotti para ilustrar cada conto e ela o fez magistralmente.

 

O livro traz um cartão de Natal, logo na folha de rosto, para que se possa dedica-lo a alguém. E se chama “Primeiro Chegam os Anjos” porque muitos personagens que aparecem nos contos acreditam que assim seja, que eles, os Anjos, são quem chegam primeiro quando conseguimos comemorar o Natal de verdade, com o sentido de amor e tolerância que o aniversariante pregou, para além do deslumbramento da festa, das decorações e dos presentes.

 Isabel Fomm de Vasconcellos é escritora, com 12 livros publicados, e apresentadora de rádio e TV.* (veja video 60 Natais)

 

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