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Embriões Sadios

por Dr. Artur Dzik

Artemisia Gentileschi,

Madona com menino

A nova técnica, disponível no Brasil desde o final de 2011, torna possível identificar, no embrião, cerca de cem doenças genéticas

 

Já analisamos aqui as causas do aumento da dificuldade para engravidar enfrentada hoje pelos casais, não só no Brasil mas em todo o mundo. Por aqui, de 10 a 15% da população tem que lutar com problemas para a obtenção da gravidez. O Brasil dispõe hoje, para auxiliar a quem vive essa dificuldade, cerca de duzentos centros de Reprodução Humana, sendo que a maioria deles está concentrada nas capitais e, destes, apenas cinco são serviços públicos. Nestes centros, para se obter sucesso, é necessária uma equipe multidisciplinar que é composta por médicos ginecologistas, urologistas, anestesistas, além de biomédicos, biólogos, enfermeiros e psicólogos.

 

As chances de resultado positivo declinam de acordo com a idade dos pacientes:

- 40 a 50% de chance, até os 35 anos de idade;

- 30 a 35%, de 36 aos 40 anos;

- 10 a 20%, de 40 a 42 anos e,

acima dessa idade, menos de 10%.

 

Nas duas últimas décadas, porém, temos assistido a evoluções nas técnicas e procedimentos usados na Reprodução Assistida e esses números podem se alterar num futuro não muito distante, pois a cada dia se apresentam novos avanços.

 

Considerado como uma verdadeira revolução, o advento recente do diagnóstico genético pré implantacional (ou seja, a detecção de grande parte dos problemas genéticos que podem ocorrer com o embrião obtido através da fertilização em laboratório – in vitro – antes que esse embrião seja implantado no útero).

 

A nova técnica, disponível no Brasil desde o final de 2011, torna possível identificar, no embrião, cerca de cem doenças genéticas, pois, com ela, podemos examinar todos os 23 pares de cromossomos e não mais apenas de cinco a dez pares, como ocorria anteriormente. Denominada CGH (hibridização genômica comparativa) é indicada geralmente para aqueles casais com doenças genéticas na família, para casos prévios de bebês malformados, quadros de abortamento habitual (dois ou mais, sucessivos) e até para, em alguns casos, mulheres engravidando com mais de 40 anos.

 

A moderna tendência da Reprodução Assistida é a transferência de um número cada vez menor de embriões, evitando-se assim a ocorrência de gravidez múltipla. Fazendo isso, no entanto, diminui-se também a chance de sucesso na implantação (que é a “fixação” do embrião no útero para que a gravidez possa prosseguir). A técnica CGH, porém, permite que apenas sejam transferidos os embriões livres da possibilidade de doenças genéticas.

 

É preciso atentar, por fim, para  que, ao fazer a análise do embrião, se saiba exatamente o que se está procurando.

Este é mais um avanço que soma aos muitos já conquistados pela Reprodução Humana.