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Sociologia e Ciência Médica: Um encontro necessário. por Dr. Artur Dzik |
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Você tem o direito de escolher a cor dos olhos do seu filho?
Essa nossa história começa lá nos anos 1950, quando a ciência deu os primeiros passos mais decisivos na compreensão de todo o processo de reprodução humana.
Os antibióticos, a ultrassonografia, e a consequente maior segurança nas intervenções cirúrgicas, o desenvolvimento dos estudos para a criação da pílula anticoncepcional (com a sintetização do hormônio feminino dando a possibilidade de controle da ovulação) e a descoberta do DNA, em 1953, foram esses passos.
As pesquisas nessa área começaram a se desenrolar e a criar um grande acúmulo de conhecimentos que culminariam, quase três décadas depois, no sucesso da primeira fertilização in vitro, o primeiro bebê de proveta cuja gestação foi levada a termo.
Na década de 1960 as técnicas de contracepção, de reprodução assistida e de terapia hormonal para mulheres menopausadas avançavam com rapidez pelo mundo científico. Veio a laparoscopia, e, logo em seguida, as técnicas da microcirurgia. No começo dos anos 1970 já era um grande sucesso conseguir uma gravidez por meio da inseminação artificial. Em 1975 pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, conseguiram a primeira fertilização extracorpórea. Mas ainda não funcionara: o feto implantou-se nas trompas da mulher e a gravidez não prosseguiu. Afinal, em 1978, o primeiro bebê de proveta (como foi apelidada a FIV, fertilização in vitro) nasceu na Inglaterra: Louise Brown.
Mais tarde, veio Natalie, irmã de Louise, ela também nascida da FIV e Natalie se tornou, em 1999, a primeira mulher concebida in vitro a ser mãe, afastando assim um certo temor de que uma criança concebida em laboratório não pudesse ser mãe. |
Dali, 1943, O Nascimento geopolítico de um novo homem
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Muitos temores, aliás, vieram dos avanços da reprodução humana a partir do primeiro bebê de proveta e do avanço do conhecimento genético.
Os clones, os bebês “fabricados por encomenda”, o homem decidindo o sexo, a cor dos olhos, dos cabelos e até a índole das crianças, manipulando a natureza, tudo isso espantava e alarmava a sociedade. E, de fato, até hoje ainda alarma.
Muitas são as discussões éticas que gravitam em torno das técnicas e das possibilidades da reprodução assistida. As legislações diferentes em diferentes países do mundo, a ausência de legislação específica em outros países, tudo isso traz inúmeras questões que ainda mal foram formuladas.
Parece necessário encarar de vez o desafio de decidir o que se pode e o que não se pode fazer. E isso só será possível com um amplo debate mundial.
O fato incontestável é que a ciência não pode ser detida pelos costumes ou pelas crenças diversas. Muitas tentativas nesse sentido, na história da humanidade, apenas retardaram, mas jamais detiveram os avanços científicos. É muito provável que, num futuro não muito distante, a concepção, a gestação e o nascimento sejam muito diferentes do que são hoje.
A humanidade não pode continuar fechando os olhos para a necessidade do debate destas questões. É hora da ciência médica e da sociologia darem-se as mãos.
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