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GRAVIDEZ DEPOIS DOS 35 ANOS

por Dra. Albertina Duarte Takiuti

 

" A Maternidade é direito de toda mulher"

 

“Até quando posso ter um filho? Já passei da idade? ” Esses tipos de perguntas são cada vez mais frequentes em função do grande número de mulheres que hoje adiam o momento de se tornarem mães. Algumas, porque sentem necessidade de se dedicarem primeiro à vida profissional; outras, pela espera do momento oportuno, que tanto pode depender de uma relação afetiva sólida quanto de melhores condições financeiras.
O temor de engravidar depois dos 35 anos talvez se justificasse há duas décadas, quando as mulheres não contavam com assistência médica adequada ou com a proteção dos métodos de diagnóstico atuais. Mas hoje, ao falar dos riscos, não é possível esquecer que já existem garantias.
É verdade que o primeiro parto pode ser mais trabalhoso quando acontece depois dos 35 anos. E porque os tecidos musculares e as partes moles da bacia têm uma capacidade menor de descontração. Essa característica fisiológica cresce com o passar dos anos.
A gravidez problemática, porém, tem solução. O obstetra é capaz de identificá-la e de orientar um bom pré-natal, que supera os riscos. Com a ajuda de um médico competente e de exames especializados (ultrassom, amniocentese e outros), a mulher sabe exatamente como vai seu bebê. Além disso, exercícios durante a gravidez, apoio psicológico e afetivo e a possibilidade da cesariana para eventuais complicações aumentam a garantia de sucesso da gestação. A mulher tem o direito de — e pode — ter filhos depois dos 35 anos. Cabe aos profissionais da saúde viabilizá-lo. Eu, inclusive, fiz mais de 20 partos em mulheres com mais de 35 anos. Todos bem-sucedidos, com as mães felicíssimas. Impossível? Atualmente, não.
A medicina sempre desaconselhou a gravidez após os 35 anos, pois oferece mais riscos: após essa idade há maior incidência de hipertensão, diabetes, doenças do coração, obesidade, miomas e câncer do colo do útero. Quanto ao bebê, a probabilidade de malformações e mongolismo é maior. O risco de malformações dos 25 aos 29 anos é de 0,3%; dos 30 aos 34, de 0,16%; de 35 a 39, de 1,4%; e dos 40 aos 44 anos, de 1,6%. Já a probabilidade de mongolismo é de 0,1% dos 30 aos 34 anos; de 0,3%; dos 35 aos 39 anos; e de 1,0%, dos 40 aos 44 anos.
Essas contraindicações, contudo, deixaram de ser um obstáculo para a mulher tornar-se mãe entre os 35 e os 45 anos. A medicina já possui recursos para garantir um parto seguro. Se a futura mãe estiver com a saúde perfeita, passará por um pré-natal cuidadoso, com exames periódicos. E havendo algum problema, como hipertensão, é fácil mantê- la sob controle com uma medicação adequada.
Em relação ao bebê, como venho dizendo, o aconselhamento genético antes de engravidar ajuda muito. Depois, durante a gestação, alguns exames podem ser feitos para verificar se tudo está bem. Um é a retirada do líquido amniótico para detectar mongolismo ou distúrbio genético sério. Outro é a ultrassonografia que verifica a presença de defeitos congênitos (a lei brasileira permite a interrupção da gravidez nesses casos).
A partir dos 35 anos, o parto tende a ser demorado. A circunstância eventualmente põe em risco o bebê e, por isso, o mais provável é que seja feita uma cesariana. Mas há chances de o parto ser pela via vaginal (parto normal), principalmente se a mulher tem a saúde perfeita, pratica esportes e teve outros partos normais.
Conclusão: se somente agora você decidiu ser mamãe, vá em frente.

Não dê ouvidos a frases como: “Puxa, você vai ser avó do seu filho! ”. A maternidade é um direito de toda mulher.
 

 

 

(Paula Becker, 1906,  mulher entristecida)