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Utopia: UMA SAÚDE IDEAL PARA O ADOLESCENTE

por Dra. Albertina Duarte

 

Desde meados dos anos 1980 a Dra. Albertina Duarte vem trabalhando com o Programa Saúde do Adolescente na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Aqui, uma pequena reflexão sobre esse trabalho.

 

É necessária a reflexão sobre se a atual prática de trabalhar com saúde do adolescente corresponde aos objetivos propostos, uma vez que, nas últimas três décadas, a preocupação com as causas de morbimortalidade na adolescência tem mudado de eixo, voltando-se para a conduta e o comportamento dos jovens, fato que exige mudanças no aprender e no ensinar.
 

Assim, a preocupação com a precocidade das relações sexuais e suas intercorrências; com o número de casos de HIV e HPV positivo, sobretudo nas mulheres adolescentes; com o fenômeno da violência interpessoal, fazendo da juventude vítima e algoz; com o uso indevido de álcool e drogas, com a incontrolável criação de necessidades de símbolos juvenis pela mídia, também deverão ser motivos de atenção específica.
 

Os serviços de saúde não devem continuar fechados em ambulatórios, aconselhando individualmente, receitando remédios, mas sim investir em trabalhos comunitários para prevenir e afastar os fatores de risco, apoiar e desenvolver iniciativas e condutas saudáveis de vida. Os estudos têm demonstrado que nos Estados Unidos da América, os serviços de saúde, voltados para problemas pontuais, que deixam de assumir a saúde integral, não sobreviveram para produzir impacto em favor da prevenção.
 

As argumentações de especialistas internacionais favorecem as iniciativas programáticas que têm, nas necessidades dos jovens, seu fundamento. O Programa de Saúde do Adolescente do estado de São Paulo atende a aspectos físicos e psicológicos e promove atividades considerando as questões de gênero e de cidadania.
 

As entrevistas coletivas realizadas nos grupos focais com adolescentes e profissionais dos serviços estudados também mostraram que as ações desenvolvidas pelo Programa promoveram modificações positivas para ambos, envolvendo maior capacidade de análise crítica, maior auto-estima, habilidades para negociar e conciliar, sentimentos de solidariedade e de comprometimento com o projeto de vida.
Os grupos focais com adolescentes agentes multiplicadores de saúde demonstraram que estes desenvolveram atividades em favor próprio, de seus pares e da comunidade.
 

Philip Muñoz

0 que protege ->0 que põe em risco
Boa alimentação -> Fome
Moradia -> Desemprego
Entendimento familiar -> Violência
Afeto, carinho -» Falta de amor próprio
Saneamento básico —> Má situação financeira
Transportes —> Acidentes
Amor correspondido —> Desilusão amorosa
Conhecimento, educação—> Menores abandonados
Ter boas amizades -> Discriminação, preconceito
Pensar no próximo -> Falta de compreensão
Evitar vícios Drogas, álcool, fumo
Diversão, lazer —> Estresse, dormir pouco
Autoconfiança ->Problemas psicológicos
Auto-imagem -> Infância tumultuada
Autocuidado —> Má orientação familiar
Auto-estima -> Pais separados
Não poluir o ambiente -> Poluir
Consultas médicas -> Usos prejudiciais à saúde
Bons salários -> Miséria
Boas condições de vida -> Morte na família
Ter objetivo a atingir -> Descaso do Estado com a juventude
 

Os serviços de saúde não devem continuar fechados em ambulatórios, aconselhando individualmente, receitando remédios, mas sim investir em trabalhos comunitários para prevenir e afastar os fatores de risco, apoiar e desenvolver iniciativas e condutas saudáveis de vida.