Foram os cristãos que se apoderaram das festas
religiosas dos povos celtas, durante o transcorrer dos últimos séculos
da Idade Média. Aliás, não exatamente “os cristãos” mas essa instituição
chamada de igreja católica.
As festas juninas, como hoje as conhecemos e as curtimos, nada mais são
do que “adaptações” de festas daqueles povos a quem os homens da igreja
classificaram como “bárbaros”.
Enquanto estavam, na igreja, muito ocupados em torturar e queimar,
vivos, nas fogueiras da inquisição, homens e mulheres que eram
considerados “bruxos” – apenas porque professavam e viviam crenças e
realidades diferentes das deles – esses supostos cristãos medievais iam
se apoderando das datas festivas do celtas e transformando-as em
comemorações católicas.
Essa é a verdadeira história das nossas Festas Juninas (Santo Antônio,
São João e São Pedro). Nas celebrações dos “bárbaros” em honra à
fertilidade da terra e à passagem das estações do ano, lá estavam as
fogueiras, os alimentos que tipificavam o momento, as danças, tudo em
clima “rural”, como são hoje as “festas caipiras” do mês de junho. E
estavam, ainda, os cristais onde as sacerdotisas exercitavam o seu poder
de Visão e os caldeirões onde preparavam seus medicamentos (poções)
fitoterápicos (de ervas).
A grande diferença é que, nas festas dos equinócios e solstícios, da
colheita e da fertilidade, os casais não celebravam “casamentos de
mentirinha” na danças em círculos (como nas atuais quadrilhas), mas,
sim, faziam amor de verdade. O sexo praticado ali, em meio às árvores,
sobre o chão de terra, visava atrair a fertilidade para os campos,
lavouras e florestas.
Na visão dos católicos, uma bandalheira, uma sem-vergonhice.
Mas, para que o povo não se revoltasse ainda mais com a cruel presença
dos católicos entre as suas belas e milenares crenças, estes foram
preservando as festas, mas banindo delas o amor livre. Afinal, liberdade
nunca combinou com a doutrina das igrejas e, falando francamente, a
doutrina das igrejas nunca combinou com a verdadeira filosofia desse
grande pensador que foi Jesus Christo: “Amai-vos uns aos outros” ou
“Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Assim como incorporaram as hoje chamadas festas juninas ao seu
calendário de comemorações pudicas, os católicos também incorporaram o
“All Hallow’s Eve” (véspera de todos os Santos) e o Dia dos Mortos,
desses mesmos povos celtas.
O Dia dos Mortos acontecia quando se abria uma porta entre os dois
mundos, entre o céu e a terra, e, assim, era possível a aqueles já
falecidos, virem aos bosques sagrados para encontrar os entes queridos
que aqui ainda viviam. Guiados por abóboras iluminadas por velas, os
mortos entravam pelos bosques, à procura daqueles que amavam e aos quais
aqui, no mundo dos vivos, haviam deixado.
“All Hallow’s Eve” dos povos “bárbaros” virou o americano Halloween e o
seu Dia dos Mortos virou o de Finados, onde se chora e se lamenta, em
vez de comemorar a alegria de rever aqueles amores que já deixaram o
planeta.
O que era celebração da vida, da natureza, e da alegria tornou-se morte
e lamentação.
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