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(Pablo Picasso, 1962,
Paz Com Sol Amarelo)
TRISTEZA DE UMA
GERAÇÃO.
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Minha cabeça é uma misturadora de
concreto, meu caro Facebook, por isso é difícil responder à sua simples
pergunta "O que você está pensando?".
Penso um milhão de coisas ao mesmo tempo.
Mas, frequentemente, nesse 2024, vira e mexe, volto-me para a tristeza
da minha geração ou, ao menos, para a tristeza dos idealistas da minha
geração. E foram tantos! E ainda são tantos, os que hoje, como eu, têm a
felicidade de estarem vivos e conscientes.
Nasci em 1951. Pós II Guerra Mundial. A minha geração foi de pensamento
revolucionário, em todo o planeta, foi a chamada "Anos 1960".
Coincidentemente (mas coincidências não existem), também foi
revolucionária a geração dos anos 1920: pós I Guerra Mundial.
Meu amado e saudoso marido, Mauro Caetano, dizia que a guerra era
necessária para a evolução do mundo, do pensamento. Sempre discordei
dele. Para mim, a guerra não serve pra nada. Mas talvez eu esteja
errada. Afinal, quem sou eu para entender os tortuosos caminhos da Vida
sobre a Terra?
Mas, diante do crescimento assustador da mentira (eufemisticamente
chamada de "Fake News"), da intolerância (em todos os campos), da
polarização absurda, da ausência de diálogo, que grassam nas redes
sociais e revelam a verdadeira face da Ignorância Humana, estou sempre
pensando nos meus "companheiros de geração", os que eram jovens nos anos
1960 e, no Brasil, mesmo sob as botas da ditadura militar, sonhavam
construir um mundo mais justo, de maior igualdade social e de
oportunidades.
É verdade que avançamos, de lá pra cá, em termos de conquistas sociais.
Mas regredimos muitos em termos de educação e aí estão as redes sociais,
com sua vasta demonstração de Ignorância, que não me deixam mentir.
John Lennon disse, ainda nos anos 1970: "o sonho acabou".
E ele estava falando do sonho da minha geração, sonho esse tão bem
descrito em sua canção "Imagine" - https://youtu.be/QfgVhE1M6ns
Imagine there's no heaven
(Imagine que não há Paraíso)
It's easy if you try
(É fácil, se você tentar)
No hell below us
(Nenhum inferno sob nós)
Above us only sky
(Sobre nós, apenas o céu)
Imagine all the people
(Imagine todo o povo)
Living for today
(Vivendo o hoje)
Imagine there's no countries
(Imagine que não existam países)
It isn't hard to do
(Não é difícil de fazer)
Nothing to kill or die for
(Nada por que matar ou morrer)
And no religion too
(E nem religião também)
Imagine all the people
(Imagine todo o povo)
Living life in Peace.
(Vivendo a vida em paz)
You may say I'm a dreamer
(Você pode dizer que sou um sonhador)
But I'm not the only one
(Mas eu não sou o único)
I hope someday you'll join us
(Espero que algum dia você se junte a nós)
And the world will be as one
(E o mundo será como um só)
Imagine no possessions
(Imagine nenhuma propriedade)
I wonder if you can
(Eu me maravilho, se você puder)
No need for greed or hunger
(Nenhuma necessidade de ambição ou de fome)
A brotherhood of man
(Uma irmandade de seres humanos)
Imagine all the people
(Imagine todo o povo)
Sharing all the world
(Repartindo todo o mundo)
You may say I'm a dreamer
(Você pode dizer que sou um sonhador)
But I'm not the only one
(Mas não sou o único)
I hope someday you'll join us
(Espero que um dia você se una a nós)
And the world will live as one
(E o mundo viverá com um só)
John morreu em NY, aos apenas 40 anos, assassinado por um desses idiotas
que hoje vivem soltos pelas redes sociais. Isso foi há 44 anos, em 1980!
A vida dele acabou apenas uma década depois de o sonho ter acabado!
Essa é a tristeza da minha geração. Ver a tecnologia evoluir
maravilhosamente, nesse mundo genial de TI, e ver as mentes "shrinking",
encolhendo, na contramão da evolução da ciência e da tecnologia.
"Paz e Amor" -- era o mote da minha geração.
Mas talvez a evolução não venha, para os habitantes da Terra, nem pelo
amor e muito menos pela paz. Talvez venha, como dizia o meu amor, pela
guerra, já que o mundo parece gostar tanto da guerra, entre nações ou
simplesmente entre as pessoas...
Para mim, essa é a grande tristeza da minha geração. Ter chegado até
aqui sem que a bandeira branca -- da compreensão, da tolerância, da paz
-- tremule sobre as nossas pobres e impotentes cabeças!
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