(praia margem esquerda
Castelo, 2017, por Isabel Fomm)
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VISÃO ALIENÍGENA
Por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Foi no Brasil, em São Paulo, mais precisamente na praia do Clube de
Campo do Castelo, na Represa do Guarapiranga. Era um dia de sol, com
aquele azul limpo e profundo de meio de Outono.
Como acontece em todas as segundas feiras, o clube estava fechado aos
sócios e visitantes e, assim, o eterno bartender da Náutica, o
Rodrigues, varria tranquilamente a área das mesas de guarda-sol (que se
parecem, vistos de cima, com discos voadores) , embora
soubesse que aquele era um trabalho inútil já que, dia seguinte, o vento
teria novamente lotado o chão com as folhas que desciam dos inúmeros
eucaliptos e outras espécies de lindas árvores, que ficavam acima do
bar, na leve subida gramada que desaguava no Castelo propriamente dito.
Mas Rodrigues não se importava. Varria. Era o hábito.
Naquela tarde outonal, comentou com a gata Lucrécia:
-- Bem que a Bebel observou que o vento está cada dia mais presente,
você notou? – E, olhando a copa dos enormes eucaliptos, lá, acima, no
Corredor das Árvores – Com esse vento sempre tão mais forte, às vezes eu
temo pela saúde dos eucaliptos. Eles não são jovens. Estão aí há mais de
70 anos, desde 1910, quando o Castelo foi erguido.
Lucrécia pareceu concordar e se esfregou de leve nas pernas dele.
Nesse exato momento, um pé de vento, muito estranho, veio até eles.
Rodrigues olhou para o céu, mas nada viu de anormal. No entanto, aquele
vento parecera ter vindo de cima para baixo, na vertical absoluta, muito
esquisito!
Era a nave dos alienígenas que pousara logo adiante.
Ele não viu. Mas viu os pelos da Lucrécia subitamente se ouriçarem.
-- Bah! Que raio de coisa é essa? – exclamou para ninguém.
Por sua vez, os alienígenas que tinham vindo ao nosso planeta cheios de
esperanças positivas, pois já estavam de posse de algumas informações
alvissareiras sobre a inacreditável beleza natural das muitas e
diferentes paisagens da Terra, uma fofoca interestelar que circulava
entre os povos que praticavam a navegação cósmica.
A Terra estava mesmo entre os planetas candidatos ao título de “O Mais
Belo Local do Universo” e os alienígenas sabiam que, já naquela década
de 1980 (pelo tempo terrestre) estava ocorrendo um inexplicável (para
eles) desequilíbrio climático que gerava outro inexplicável aquecimento
da atmosfera e, portanto, sabiam, ameaçava gravemente a sobrevivência do
planeta.
Mas que enorme decepção esperava os visitantes Ets!
Quando abriram as escotilhas de sua nave, dispostos a contemplar a tão
cantada beleza do planeta, nada viram! O que os cercava era apenas um
amontoado de átomos que se trombavam. Não viram o Rodrigues, não viram a
Lucrécia, não viram as árvores, as praias, o Castelo, pois tudo o que os
seus olhos extraterrestres conseguiam enxergar eram os átomos que, para
nós, humanos, se traduziam na paisagem cotidiana, em formas animais,
vegetais e minerais.
Para os ocupantes daquela nave, no entanto, tudo isso era apenas um
amontoado de átomos!
-- Ora – disse o chefe da Expedição Cósmica a seus companheiros de
jornada nas estrelas – Esse planeta não é nada daquilo que andam dizendo
sobre ele! É uma chatice sem fim, só tem átomos. Vamos embora, pessoal!
Nada há para ser ver ou fazer por aqui!
E decolaram.
Desta vez, o pé de vento que atingiu o Rodrigues e a Lucrécia, veio de
baixo para cima.
Ver Chamada TR Ver Chamada.
Vera Krausz
Na verdade é mesmo um pouco assim. Somos atomos ... em
movimento e tudo depende dos olhos de quem vê.
Heloisa Marcondes Rocha
Muito bom!!!
Maria Rosa Paolone
Infelizmente todos parecemos átomos. Obrigada pela
lembrança de bons momentos passados no C C Castelo
Maria De Fatima Amichi Garcia
Amei
,show
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